Aldeia Viçosa era a sede da 2ª. Companhia do BCAV 8423. Situada na chamada estrada do café, que liga Luanda a Carmona, era local de fácil viagem. Num pulo, de unimog ou jeep, ou até de viatura civil (o machimbombo), estava-se em Aldeia Viçosa e não se faziam esperar os confortos de um bom encontro de amigos: o Matos, o Letras, o Melo, o Guedes, o Chitas, o Rebelo e outros.
A CCAV era comandada por um quase vizinho daqui, de Esmoriz - ao tempo praticante de voleibol (suponho que campeão nacional), capitão miliciano e engenheiro, de nome José Manuel Romeira Pinto da Cruz. O Capitão Cruz, a serenidade em pessoa e sei que um excelente comandante. Um coração de ouro!
Um dia, estando eu por Luanda no bem-bom da cidade e tendo de me apresentar a um sábado no Quitexe, pus a hipótese de ir só na 2ª.-feira. Afinal, sempre era mais um fim-de-semana na capital! Assim pensei e assim ia fazendo. Só não fiz porque me mordeu a consciência e sabia bem o quanto esperava o capitão Oliveira a oportunidade de me pôr a mão em cima. Não marquei o avião para Carmona, mas, passando no Grafanil, resolvi jogar mais pelos seguro e vai de apanhar boleia num MVL que sairia à uma hora da madrugada, por aí. Ia até Vila Viçosa, precisamente!
Lá chegado, pelo fim da manhã de sábado, precisava de chegar ao Quitexe. E como? A hora de apresentação estava próxima e a boleia civil nada fácil. Safou-me o capitão Cruz, que, sabendo da minha urgência, providenciou o transporte em veículo militar, a troco de uma qualquer razão que já não recordo. Lá fomos nós, ligeirinhos, e imaginem quem me esperava, a umas 15 horas da tarde, no seu gabinete de comandante da CCS, mesmo à esperinha que eu não chegasse! O capitão Oliveira!
Bem me disse ele que não esperava que eu chegasse e que estava afiadinho de pressa para me castigar. Como não pôde, obrigou-me a apresentação com muda de calçado - eu estava de sapatos. Vinguei-me eu, que não era santinho nenhum, «exigindo-lhe» a continência regulamentar ao meu obrigatório cumprimento. É que, à primeira, não estava o capitão de boina! E, à segunda, não tinha cinto. Isto é: não tinha as duas coisas à primeira, sobrando-me este supremo e duplo «gozo» de o «obrigar» às NEP que ele tanto gostava de exibir. Ainda hoje, com fraqueza, sinto algum constrangimento pela figura que fiz. Com ele tive várias outras histórias, que não me «abonam» muito!
- OLIVEIRA, capitão. António Martins de Oliveira, comandante da CCS. Transitara da classe de sargentos, tendo feito o curso na Escola Central de Sargentos, em Águeda. Eu e o Neto, ambos de Águeda, não beneficiámos nada por isso.
- MVL. Movimento de Viaturas Ligeiras, camiões civis que asseguravam o transporte de mercadorias para as Forças Armadas.
- NEP. Normas de Execução Permanente.
4 comentários:
O Comandante da minha CCS Também transitou da classe de Sargentos. Era um sufoco com aquelas NEP e RDM a toda a hora. O pessoal achava que ele tinha tara com aquilo e tinha mesmo. Mas ele tinha outras taras bem piores (ou melhores...) mas não dá para explicar aqui nesta janelinha. Terá de ser no janelão. Mais tarde...um dia destes será.
Por acaso alguém sabe a quantos centímetros tinha que ficar o calção, da parte superior da rótula?
Pois é, sei eu - rigorosamente a três! Como é que eu sei estas coisas e não estudei nada daquilo?!
A. Casal
A chicalhada era do caraças, mas lembro-me que o Neto, o Machado e o Viegas lhe davam água pela barba, não era.... e o Mosteias, eram furrieis e peras, lá isso eram.
Fiz esse trajecto algumas vezes, mas tinha o gozo de ser escoltado, as G3 eram mais para os atiradores, que ram os gajos formidáveis e corajosos. Os ciondutores eram outros malucos, carregavam naqueles aceleradores que até metia medo...
É verdade, também estive no Quitexe mas em 70/72,. Portanto em relação a ti sou um maçarico. Pouco saí do Quitexe, pelo facto de ser Op.Cripto, excepçao feita para Carmona onde íamos todos os dias buscar o correio e as cópias das mensagens em claro. Das nossas operacionais, (S.Isabel, Aldeia Viçosa, e Zalala,) e as restantes, das Companhias adidas ao nosso B. Caç. 2925, pouco sei dizer, Talvez não visses estas estradas todas alcatroadas, excepto aquela Av. principal do Quitexe, que continuava em terra vermelha, e ainda não fizessem a protecção às colunas que vinham de Luanda diariamente, desde o Piri.
Um abraço
Simonal
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