quinta-feira, 16 de julho de 2009

As escoltas aos arranjos da rede de estradas...


Estávamos nós pelos fins de Agosto de 1974 quando o Gabinete de Operações, interinamente comandado pelo alferes Garcia - no lugar do capitão Falcão, certamente de férias - nos deu uma ordem de operação. Iria o PELREC fazer protecção à equipa da Junta Autónima de Estradas de Angola (JAEA), que ao outro dia iria iniciar (ou continuar, não me lembro) arranjos na estrada para o Liberato. Picada, direi melhor...
Já por lá tínhamos passado duas, três ou quatro vezes, pelo que a missão nem nos preocupou muito. Era mais um serviço, até dos mais tranquilos... «Manda instalar Bredas!!!...», disse o alferes Garcia.
«Bredas?!....», perguntei eu, espantado com a ordem. Na verdade, algumas vezes saímos com este tipo de armamento - até outro e mais pesado... - mas desta vez fiquei desconfiado. Eu ia de férias dentro de dias e, francamente, não me agradaria ter problemas. «O que é que se passa?...», perguntei.
Lá me foi dito que tinham «acontecido umas escaramuças...», precisamente beliscando as brigadas da JAEA.
«Pode haver caça, cuidado...», disse o alferes Garcia, que, por estar nquelas funções, interinas, não iria connosco. E que até se mostrava de olhar pesado, qual pai que via os filhos sair para uma frente de qualquer perigo!
Fomos lá, para a picada do Liberato e, para aligeirar a história, digo aqui que prendemos dois homens, dois suspeitos que foram observados de longe com cargas de lenha, onde supostamente levariam armas. Levámo-los para o Quitexe, sem que oferecessem grande resistência, e foram apresentados ao Gabinete Especial de Informações (GEI), julgo que era assim que se passou a chamar a anterior Polícia de Investigação Militar (PIM).
Soubemos mais tarde que nós e os funcionários da JAEA estivemos algumas horas a ser observados, enquanto as máquinas terraplanavam. Como já estivéramos, numa outra altura e na picada para Zalala, onde apanhámos um dos sustos da comissão angolana: quando rebentou um pneu e nós o supusemos por uma bomba inimiga. Malhámos com o peito no chão, rastejámos, e gente houve que não se mexeu até que os olhos confirmaram não haver inimigo algum!

2 comentários:

Anónimo disse...

Não é segredo que na picada para Zalala, tudo podia acontecer. Tudo ou nada, claro!
Havia zonas onde junto à picada a vegetação era tão intensa que nos poderiam observar a um escasso metro da picada.«Cuidado porque estamos a ser observados», era a frase mais repetida pelos Com. de Grupo. Ali era uma questão de sorte e pouco mais. Quem lá andou sabe disso!
A. Casal

SANTOS disse...

Zalala era o terror de toda a gente... mal estava os rapazes lá fixados.