quarta-feira, 21 de setembro de 2011

1 011 - O 1º. cabo atirador Adão Morais

O período de Natal era especialmente sensível para os militares em campanha, saudosos da família, das mulheres e dos namorados, dos filhos, dos amigos, dos cheiros das suas aldeias e alcofas, de tudo o que, nos anos para trás, eram dias de festa e de partilha. Saudosos, até, do frio do inverno europeu, das rabanadas e das filhós, do bacalhau ou dos perús que saciavam apetites e faziam da mesa um altar de alegria e comunhão.
O tempo dos Cavaleiros do Norte já não foi desse, mas eram famosas e muito esperadas as mensagens de Natal, nas rádios e na televisão, com os insubstituíveis desejos de «um ano novo cheio de propriedades».
O tempo dos Cavaleiros do Norte foi de postais, com foto e dedicatória.
Hoje trago aqui, querendo homenagear e evocar, o cartão de Natal do 1º. cabo Adão, que fez jornada militar por Zalala e depois por Vista Alegre, Songo e Carmona, antes de chegar a Luanda, como atirador da 1ª. CCAV., a do capitão Castro Dias.
Homenager e evocar, por já não permanecer entre nós, ido a 7 de Agosto de 2009, já passaram 2 anos!
Adão Luís Correia Morais era natural de Fundões, freguesia da Ordem (Lousada). Foi canalizador da Câmara Municipal deste concelho e, em 2008, foi operado ao coração e recebeu implante de quatro by-passes. Dessa se livrou! O destino traiu-o, em 2009, quando lhe foi despistado um tumor na zona abdominal - a que foi tratado, mas ao qual não resistiu. Faleceu a 7 de Agosto de 2009 e deixou viúva (Maria Olívia Neto Morais), 3 filhos (2 rapazes, de 34 e 20 anos, e uma rapariga, de 29) e 3 netos. Assim aqui veio contar o Tomás.
Até qualquer dia...

1 comentário:

Tomás disse...

Não há duvida que o mundo é realmente pequeno. Conheci o Adão Morais à cerca de 10 ou 12 anos, mais ou menos (?!), num encontro algo estranho a esta distância no tempo. Estava ele a trabalhar no "duro" numa vala na rua onde eu trabalho, quando soube, não me lembro bem como foi, que o Morais esteve em Angola. De imediato fui ter com ele e perguntei-lhe em que zona esteve. Ele sem parar um segundo no que estava a fazer, lá me disse que esteve no norte, com a voz ofegante do trabalho duro que estava a executar. Perguntei-lhe o numero do Batalhão e confirmou-se o que eu estava a desconfiar. Afinal tinhamos sido colegas embora de companhias diferentes. Começamos com "você" e acabei com "tu". O Morais era assim, muito umilde, muito trabalhador, de poucas palavras pelo menos enquanto não tivesse confiança. A rapaziada que mais conviveu com ele que o diga. Morais... até qualquer dia.