quarta-feira, 14 de setembro de 2011

1 004 - O último combatente, são e salvo e com o juízinho todo...


Viegas, Mosteias e Neto, últimos dias de Carmona (Agosto de 1975)

Os meados de Setembro de 1974, em termos pessoais, foram de visita a aqui e a ali, de cumprimentos e confraternizações com familiares e amigos. Afinal, no dia 9 desse mês chegara eu,o último combatente da aldeia na guerra ultramarina. São e salvo e com o juízinho todo!! E, compreendam, numa aldeia de pouco mais de 700 pessoas, uma chegada dessas era acontecimento festivo e de dar graças a Deus!!!
Não faltaram abraços e perguntas: como é que estás e como é que está Angola? Então, viste lá fulano e cicrano? Sabes se eles vem embora, ou se não? Aquilo lá está mau, não está?
Entre uns bons bacalhaus e saborosos rojões, uns tracanazes de broa (ai a broa da minha mãe, a broa da minha mãe!!!, quantas saudades e quantas fomes eu tinha dela!!!...), lá fui eu dando recado da carta angolana que trazia nas minhas memórias, não me dispensando de algum exagerozito, para dourar as glórias dos meus méritos militares! Daqueles de entrar para a lenda... 
Minha mãe, agora em vésperas de 91 anos mas ao tempo carregada do luto de meu pai e das dores de um filho na guerra, já não falando nos berbicachentos bicos de papagaio que tanto lhe «adormeciam» as cruzes, dispensou-me de exageros «inquisitoriais». Perguntou-me, tão só, se sempre era verdade que «lá na guerra» nos davam comprimidos para nos matar o medo.
Ó mãe!!!! Lá lhe contei que não, que nunca dera por isso, que se dizia sempre muita coisa da guerra, e, a garfar o escoado de couves com bacalhau, na velha cozinha do forno, expliquei-lhe que, sim, tomávamos comprimidos, sim...,mas para prevenir doenças. As doenças tropicais.
«Então é isso!...», concluiu ela, a pegar no copo da água-pé, para empurrar as batatas molhadas de bom azeite - o azeite das nossas oliveiras.
Claro que era!!! E para provar, fui buscar e mostrei-lhe os comprimidos e injecções que eu, bem aprudentado, trouxera na mala de guerra, para me defender desses males sanitários de África. Vim  a ter de, por volta de Janeiro/Fevereiro de 1976, usar umas injecções, justamente por causa de um paludismo chato que me interrompeu uma tardada de domingo.  

1 comentário:

Anónimo disse...

Os tres estarolas CV, Mosteias e o Francisco.
Abraço men,s
Manuel Pinto