quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dias de despedidas e de mesas sem pão...

O Pólo Norte, onde muito se comeu e algumas vezes se ficou sem... comer!

Furriéis Monteiro (à esquerda) e Viegas (á direita), rodeando os aguedenses Carlos Sucena e Gilberto Marques, na casa da Viana


Os últimos dias de Angola, com as precauções a que nos obrigavam os repetidos incidentes luandinos, foram, alguns deles, passados em momentos de despedida dos conterrâneos e amigos que pela capital faziam pela vida.
Os maus momentos da nossa jornada africana cada vez mais eram passado e se, por Luanda, nos preveníamos de armas (camufladas) para o que desse e viesse - e muita coisa se dava!!! - não é menos verdade que não me escapou um amigo com quem não tivesse um momento (por mais curto que fosse), ou uma refeição de despedida. Há 36 anos, neste dia 1 de Setembro, estávamos a uma semana de voar para Lisboa e apertava-se o tempo para esse adeus.
Amigos, dos bons!!!, eram o Carlos Sucena e o Gilberto Marques - que esta foto, tirada pelo Neto, mostra em confraternização de marisco e cerveja, na casa de Viana. Não exactamente do nosso último encontro, mas como mostra de como, por terras de Angola em guerra fraticida, os companheiros se davam de mãos e amizade.
Este dia, uma 3ª.-feira, foi de nova busca de gente conhecida no aeroporto de Luanda e, sem ninguém encontrar, de ida para a baixa - onde eu, o Neto, o Pires (de Bragança), o Cruz e o Rocha tentámos almoçar. Sem conseguir. Uns dias antes, acontecera o mesmo: depois da largo tempo em bicha, o Pires e o Rocha ficaram sem comida. Luanda estava sem abastecimentos e a população crescia. Era gente a mais para o pão que (não) chegava.

1 comentário:

Tomás disse...

Nesse tempo tão longinco era normal vermos as prateleiras das mercearias e supermercados, eram novidade para nós, totalmente vazias. No entanto cá no "puto" dizia-se que em África estavamos muito bem(!). Em Portugal é que estava tudo muito mal, diziam. Quando cá cheguei, ou chegamos, fiquei espantado com tanta fartura. O contraste era evidente. Prateleiras cheias, montras a abarrotar de produtos e bens de consumo. Tal como hoje, não falta "quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto".