sexta-feira, 30 de abril de 2010

A atribulada viagem aérea de Luanda para Carmona

Aeroporto de Carmona (Uíge), visto do lado da pista (1974)
Há 35 anos, de véspera e como manda(va) a minha lei, aí estava eu em Carmona, por via aérea, voando de Luanda. Numa viagem nada pacífica, que começara no dia anterior. O avião levantou voo, mas teve de voltar para trás, devido a intenso tiroteio e ao sesgado e estridente rebentamento de morteiros nos céus da capital - onde a FNLA e o MPLA se batiam de armas.
Ficámos (eu e o Cruz) num hotel da rua de acesso ao aeroporto, umas centenas de metros acima do Largo da Maianga, seria umas 10,30 da noite. Sem comer!!! A ideia era irmos jantar a Carmona, assim lá chegasse o avião à hora prevista - ao fim da tarde. Mas assim não foi. Com o estômago a dar horas e recolher obrigatório na cidade, saímos mesmo assim à procura de comida. Conhecíamos por ali perto uma esplanada, no largo da Maianga, e para lá nos dirigíamos quando ouvimos mais rajadas a silvar na noite. Entrámos apressados num bar que não conhecíamos, cheio de gente, e por lá acabámos a comer, não sei já o quê! O medo era geral e nós também não eramos heróis. Passavam, rápidas e fortemente armadas, viaturas militares portuguesas, num frenesim enorme! E ficámos a saber que rajadas tinham silvado na cobertura da esplanada da Maianga!
Já só por perto da meia noite, arranjámos «vaga» e coragem para sair. Estávamos a uns 200 metros do hotel e aconselhava a prudência que os fizessemos «tranquilamente», sem pressas, para não suscitar suspeitas. Lá saímos... Colado a nós, seguia um homem, já grisallho e na casa dos 50 anos..., sempre chegado na nossa «sombra», sem trocar uma palavra mas cumpliciando-se com a nossa aventura que desafiava o recolher obrigatório. Como que fazendo-nos «guarda-costas». Chegámos a desconfiar dele!
Já no hotel, vim a saber quem era: Custódio Pereira Gomes, advogado em Carmona. «Espere lá, você é o viúvo da D. Augusta, pai do Alvarinho?».



Era! Viajámos para Carmona na manhã seguinte, faz hoje 35 anos. Chegados ao aeroporto, combinámos encontrar-nos no Escape, uns dias depois.- CUSTÓDIO P. GOMES. Advogado em Carmona, já falecido e ao tempo viúvo de Maria Augusta Tavares - filha de Laura e Manuel Tavares, que foram daqui, de Ois da Ribeira, minha terra natal e de residência. Os sogros tinham sido patrões de minha irmã Maria Dulce. Tem família a residir em Coimbra.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tiros na caserna de Santa Margarida no dia 25 de Abril de 1974


RODOLFO TOMÁS
Texto

O que me lembro do dia 25 de Abril, em Santa Margarida, foi que era a manhã de uma quinta-feira e que o nosso saudoso alferes Garcia entrou de repente, e com muito alvoroço, na caserna da CCS e de G3 na cinta, abriu o portão da direita e, ali mesmo, disparou um ou dois tiros para o ar.
"Está andar, está andar quero tudo lá fora em 5 minutos...", gritou ele.
E foi o que aconteceu naquela manhã de Abril. Mais tarde cerca das 10 e qualquer coisa, começámos então a perceber melhor o que se estava a passar, através do Rádio Clube Português. Sentados, com os cantos das G3 entre as pernas e sem sabermos ao certo no que aquilo iria dar. Bons tempos, éramos mais novos 36 anos.
Lembro-me, perfeitamente, que alguns dos companheiros de casernas fizeram ouvidos moucos mas o «problema» ficou logo resolvido, quando o alferes Garcia fez os beliches deles tombar para o chão. Acordaram num instante.
RODOLFO TOMÁS

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O 25 de Abril de 1975 e o whisky Sbell

Publicidade ao whisky Sbell (em cima) e o o Comando da Zona Militar Norte (CTC).
Repare-se na Bandeira de Portugal hasteada no alto do edifício
Aqui se falou como foi o 25 de Abril de 1974 em Santa Margarida e no Quitexe. E o de 1975, em Carmona? Realizaram-se as eleições, com «ida às urnas de todo o pessoal que o quis fazer».
Não foi o meu caso, e o do Cruz, pois andávamos a jornadear pelas praias e folguedos de Luanda, com noitadas de neons e cio que serviam de pasto aos nossos desejos. Tínhamos chegado da passeata que nos levou ao sul, aos prazeres do Huambo (Nova Lisboa) e à praias e sensualidades de Benguela e Lobito - onde, por exemplo, pela primeira e única vez entrei numa fábrica de whisky, a Sbell. E quem não se lembra, por muito mau tropa que tenha sido, do whisky Sbell? Quais scotch, quais escocês?!!!
Compradas, ou oferecidas (não me lembro), de lá trouxemos umas garrafas - e também de licor do dito - para oferecer a amigos, em Luanda.
Carmona, nesse dia 25 de Abril de 1975, assistiu ainda a «cerimónia simples mas singela, no CTC, com o içar da Bandeira Nacional, com as melhores honras militares e a presença de todos os oficiais do CTC e Batalhão de Cavalaria».

terça-feira, 27 de abril de 2010

O dia 25 de Abril vivido no Quitexe

Rua principal de Quitexe, estrada de Luanda para Carmona (Uíge)

ANTÓNIO CASAL
Texto

Quando em Lisboa se tomavam posições com vista à Revolução, eu e outros camaradas apetrechavamo-nos para uma operação de dois dias. Alheios aos acontecimentos, partimos às duas da madrugada para uma operação que marcaria não só esta data, mas também a nossa passagem por Angola.Com o nosso tempo terminado a 14 de Abril, foi com algum, e até muito receio, que iniciámos a caminhada em zona onde sabíamos ser alvos fáceis.
Os nossos receios viriam a provar-se fundados.
A travessia de um riacho "obrigou-nos" a uma desatenção que quase nos foi fatal. De um morro, surgiram rajadas de metralhadora que nos fizeram aumentar o clima de tensão. E de medo também! Afinal, tínhamos o nosso tempo cumprido e estávamos a passar por uma situação complicada. Recordo as sucessivas cargas de água misturadas com um calor abrasador, e que que nos secava a roupa, em pleno andamento.
O alferes viria a necessitar de ajuda, mercê de uma repentina indisposição que o debilitou fisicamente. Homem de Operações Especiais, tinha um ponto fraco que não conseguia controlar em situações de grande tensão - o estômago! Ainda nos faltavam muitos quilómetros para percorrer e o nosso guia parecia não estar com muita vontade de avançar. Pairou a desconfiança sobre a sua lealdade e as coisas chegaram a estar feias para o seu lado! Teve o furriel de tomar atitudes que não estavam previstas nos códigos de boa conduta, para "convencer" o cavalheiro a cumprir a sua obrigação.
Chegada a hora certa, via rádio, fiz o contacto com o comando, para que nos recolhessem com medicação adequada e alertando para os necessários cuidados com que o deviam fazer. A minha parte estava feita e eu, digo-o com vaidade, fiquei satisfeito por me sentir útil. Ainda avistámos o IN à distância, mas o seu rumo era diferente do nosso. Além disso, a nossa operação acabava ali mesmo. e quanto menos ondas melhor!
O nosso pensamento estava na família e disso já muito falavam as nossas missivas. Regressados ao quartel, nada ainda transpirava sobre a Revolução. Mas eu soube-o, ainda com o meu banho por tomar. Em segredo e depois de assumir a minha «palavra de honra», o Silva (operador-cripto) lá desabafou ao meu ouvido o que só viria a saber-se alguns, e até muitos, dias depois.Já com dez dias passados, viria a receber uma encomenda com jornais que nos davam conta das novidades. Correram toda a Companhia, mas alguns nem para ele olhavam. Aquilo nada lhes dizia e queriam era ir para casa!
Era (foi) o meu 25 de Abril de 1974! Cheio de acontecimentos e muito marcante, por terras de Angola.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A oitava do 25 de Abril de 1974

A 26 de Abril de 1974, uma 6ª.-feira, fomos surpreendentemente mandados de fim-de-semana. «Todo o Batalhão se sentiu parte integrante do Movimento das Forças Armadas, de tal modo que nessa mesma data, o exmo. comandante explicou a todo o pessoal o que o MFA pretendia, em palestras orientadas especificamente para oficiais, sargentos e praças», lê-se no Livro da Unidade.
Pouco me lembro disso, para além de uma (im)pertinente pergunta do (1º. cabo miliciano) Machado e das dúvidas dos soldados (e de todos nós): «Ainda vamos para Angola?». E de todos estarmos com uma pressa danada, depois de sabermos que tínhamos fim de semana.
Almoço para dentro do estômago, logo foi tempo de o velho SIMCA 1100 do Neto galgar os quilómetros que nos separavam de Águeda. Em Coimba, à saída da ponte e entre as duas estações da CP, estavam milhares e milhares de pessoas, em manifestação, vitoriando o MFA. Não sei, mas ainda na 6ª. feira, a falar com o Neto, ambos mantemos a dúvida: o carro andou ou não andou pelo ar? Cá para mim, andou, à força dos braços do povo que o levantou frente ao Hotel Astória. Foi este, talvez, o momento mais empolgante dos meus dias desse Abril que se abria para o país. E de faz hoje 36 anos bem me lembro que, chegado a casa, fui ter com a minha mãe, que sachava milho na Codiceira, mesmo á beira da pateira.
«Então, ainda vais lá para fora?...», perguntou-me ela, talvez ansiosa. Disse-lhe que sim, que ia. E trouxe-lhe o carro de mão carregado de milho para casa.

domingo, 25 de abril de 2010

O dia 25 de Abril de 1974 no Batalhão de Cavalaria 8423

A 25 de Abril de 1974, estava eu pelo RC4, em Santa Margarida, e levantei-me cedo, como sempre. Fui para a higiene pessoal na maior das tranquilidades, levando um velho rádio de pilhas para as notícias da manhã. Daí por minutos, chegariam os meus companheiros, apressadíssimos como sempre, para escanhoar a barba e pôrem-se «finos» para mais um dia.
Estranhei, para dizer a verdade, o facto de só ouvir música militar, mas por lá fui dando ao pincel e à lâmina, para escanhoar os pêlos do dia. O ruído da água da torneira imperceptibilizou-me a audição: «Aqui, Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas (...) Conforme tem sido difundido, as Forças Armadas desencadearam na madrugada de hoje uma série de acções com vista à libertação do País do regime que há longo tempo o domina (...)
Eh, pá!!! O que é isto?!
Acabei o escanhoamento e fui a correr «avisar» a malta, que ainda dormia. Choquei com um companheiro no corredor e contei-lhe. Assobiou.... quiçá lembrando-se do 16 de Março. Mas rapidamente toda a gente estava de pé e alarmada. E curiosa! O pequeno almoço foi apressado e não nos deixaram sair para o Destacamento. Até que quisemos saber o que se passava, para além do que se ouvia no Rádio Clube Português.
Era a manhã do 25 de Abril!
Por volta das 11,30 horas, já no Destacamento, o comandante falou às tropas. Acalmou, mas pouco explicou! As melhores (mas muito poucas) imagens que nos chegavam eram as da televisão, a preto e branco! A serenidade expectante foi raínha no dia 25 de Abril de 1974, entre os homens do Batalhão de Cavalaria 8423. Faz hoje 36 anos!
- RC4. Regimento de Cavalaria 4, em Santa Magarida. Unidade de Carros de Combate e mobilizadora do BCAV. 8423.

sábado, 24 de abril de 2010

Incidentes no Negage e patrulhamentos mistos urbanos

Base Aérea do Negage, aspecto de 1970 (foto de Jorge Oliveira) e furriéis Cruz e
Viegas, em férias na zona de Nova Lisboa (em baixo)
Os dias de Carmona foram adensando problemas, por Abril de 1975 fora. A guarnição do BCAV. 8423, já reforçada com grupos de combate de companhias da ZMN, tinha «água pela barba», todos os dias. Os patrulhamentos mistos continuavam, principal ou exclusivamente na cidade.
«Não se podia deixar a cidade de Carmona inactiva», frisa o Livro da Unidade, de que me socorro.

A 20 de Abril, incidentes no Negage - cidade próxima, onde se situava a base aérea (foto), por isso localidade estratégica... - levaram à realização de uma reunião de emergência, com a FNLA, de modo a «obter-se uma mentalização do que deverá ser a missão das NT e dos Exércitos de Libertação, neste período que decorre até à independência».

A ideia, generalizada, todavia, era a de que se vivia uma situação da calma fictícia - ainda que, valha a verdade, «permita manter-se um dia-a-dia mais ou menos estável, quebrado por um ou outro incidentes...».

Por estes dias, ao sul, jornadeava eu e o Cruz, em férias (foto de baixo) - neste caso convivendo com familiares dele, que nos receberam principescamente em Benguela. A foto é da véspera da nossa saída de Nova Lisboa, no regresso de um passeio pela zona. Nas nossas costas, está a cidade - a uns 8/10 quilómetros.
- ZMN. Zona Militar Norte.
- NT. Nossas Tropas.
- FNLA. Frente Nacional de Libertação de Angola (a antiga UPA, de Holdem Roberto).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

1º. dia de tropa

O regresso dos Cavaleiros do Norte a Santa Margarida

Neto e Viegas, 1º.s cabos milicianos da CCS, no RC4 (Santa Margarida, 1974)

Dia 22 de Abril de 1974, 2ª. feira. A formatura das 8 horas da manhã já incluiu a maior parte dos jovens que, mobilizados desde o princípio do ano (a maior parte) e outros já desde 1973 (Dezembro), integravam o Batalhão de Cavalaria 8423. Já se sabia o lema: «Perguntai ao Inimigo Que Somos». E já se tinham gozado os dez dias da licença de normas - a período que antecipava a partida para os teatros de guerra.
O BCAV. 8423, porém, por causa da Revolta das Caldas, teve dez dias que se fizeram por mais de um mês e foi nos quartos que os 1ºs. cabos milicianos que «dormiram» alguns dos oficiais de intentona. Assim nos disseram.
Fomos chamados (eu e o Neto), na tarde de 19 de Abril e por uma via inusual: através da então Escola Central de Sargentos, que por Águeda preparava futuros oficiais. E lá fomos nós, a 20 de Abril - um sábado, despedindo-me eu de minha mãe, que mercava na praça de Águeda, tendo o cuidado de ir vestido à civil, para não suscitar constrangimentos entre o povo. O SIMCA 1100 do Neto voou até Santa Margarida.
O tema das conversas, todas mais ou menos camufladas, tinha, evidentemente, a ver com o golpe das Caldas (a 16 de Março), que nós não entendíamos muito bem. Chegámos já depois do almoço, feito em Abrantes - o Neto era sempre adepto de chegar o mais tarde possível, ao meu contrário, que era amante de chegar sempre cedo - e lá ficámos a saber, já em Santa Margarida, que éramos os primeiros milicianos e que, entrando de serviço na manhã de domingo, iríamos passar a noite de domingo para segunda-feira a receber o pessoal que chegaria. Assim foi! E a satisfazer a maior curiosidade de todos: a partida da CCS para Angola seria a 27 de Maio. E iríamos fazer o IAO a partir de 3 de Maio!
- IAO: Instrução Altamente Operacional, período de preparação real.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O meu primeiro dia de tropa...




Há 37 anos, hoje se completam, era véspera de eu assentar praça. Não me lembro muito bem, mas certamente foi um dia a imaginar muitos cenários e a gerir expectativas. Prevenindo-me para factos e emoções.
Era Abril de 1973 e ia no oitavo mês de luto pela morte de meu pai, já trabalhava e essa minha partida gerava alguns constrangimentos familiares, pessoais e afectivos.
Mas não havia como escapar e eu não também quis, teimosamente, beneficiar de qualquer apoio que, em qualquer grau, m´evitasse ir à tropa. E à guerra!!! Gente próxima, bem se disponibilizou para isso. Mas teimoso e orgulhoso, aí me pus eu, faz hoje 37 anos, em traje de ir para a guerra.

Nunca me arrependi, nem nos duros tempos de Lamego (nas Operações Especiais que me fizeram Ranger), muito menos na recruta da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Ou sequer nos tempos de Santa Margarida - onde se fez a família dos Cavaleiros do Norte.
No bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de família e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: "Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!». Assim julgo ter feito.
Hoje, 37 anos depois, se me perguntarem, direi que valeu à pena ir à tropa. Que gostei. Que, entre virtudes e defeitos, boas e más memórias, dramas e glórias, me fiz melhor. Melhor, com a solidariedade dos muitos companheiros que, de 23 de Abril de 1973 a 8 de Setembro de 1975, foram gente do meu dia-a-dia, dividindo-se e/ou multiplicando-se comigo.
Não tivesse ido e ainda hoje me sentiria um cidadão menor! Ainda hoje, melhores dos meus amigos, são amigos da tropa. De Portugal e de Angola!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Oa rádios-montadores que faziam de tudo e mais alguma coisa...

Tomás e Pais (1º.s cabos) e Silva, rádio-montadores da CCS do BCAV. 8423

Texto
RODOLFO TOMÁS
O Almeida não foi o único a mudar de especialidade. Lembro que o António Silva, rádio-montador, também foi "convidado" a trabalhar na padaria. Convidado à força!, é bom dizer!
O capitão Oliveira que era, como todos nos recordamos, um grande defensor das NEP´s, nessa altura esqueceu-as totalmente e há que por todos a trabalhar, principalmente os rádio-montadores.
Vamos relembrar: Um fazia de escriturário, o Tomás..., «gramava» a escala dos reforços como cabo de dia e dava assistência técnica - e não só militar, como de âmbito civil; outro, o Pais, era foto-cine (ou seja, dava cinema), fazia reforços e cabo de dia e dava assistência técnica. Finalmente, o Silva fazia reforços, faxinas, assistência técnica e foi também padeiro.
Para quem aqui já disse que ser rádio-montador era uma maravilha..., que até tínhamos umas tainadas pela noite dentro com fados e etc.!!, até que nem era nada mau!
Bom..., apesar de tudo, quem nos dera tal escala e estarmos pelo Quitexe e Carmona!!! Afinal, sempre éramos mais novos só... 36 anos!!! E «aguentavam-se» todas as injustiças!
- TOMÁS. Rodolfo Hernâni Tavares Tomás, 1º. cabo rádio-montador, mora em Lousada.
- PAIS. António Correia Lourenço Pais, 1º cabo rádio-montador, residente em Viseu.
- SILVA. António Jorge Pereira da Silva, soldado rádio-montador, residente em Vila Nova de Gaia.
- ALMEIDA. Joaquim Figueiredo de Almeida, ver post de ontem.
- NEP. Normas de Execução Permanente, regulamento de uma unidade militar.

terça-feira, 20 de abril de 2010

O atirador de cavalaria Almeida que se fez padeiro...

Miltares do PELREC. Em cima, da esquerda para a direita, Hipólito, Monteiro (furriel),
ALMEIDA e Vicente. Em baixo, Garcia (alferes), Leal, Neto (furriel) e Aurélio (barbeiro)


O 1º. cabo Almeida era atirador de Cavalaria e um ano mais velho que todos nós - os gloriosos «pelrec´s» da CCS dos Cavaleiros do Norte. Rezava a lenda de caserna que tinha ele fugido para França, a salto, e, por isso, teve incorporação militar um ano depois. Era de 72, nós 1973. Nunca ele, mesmo perguntado, confirmou se assim foi.
O 1º. cabo Almeida era a paz em pessoa! Quiçá, envergonhado da sua condição humilde, parido que foi lá pelas serranias da Estrela, nas abas de Penamacor. Nunca dele se teve um problema. Foi sempre zeloso, cumpridor e aprumado, humilde até parecer excesso. A equipa de combate que comandava era do PELREC e disciplinada, corajosa, sem medos... E ele, para além das missões que lhe competiam, como atirador de cavalaria - comendo o pó das picadas e vencendo o medos dos trilhos de perigos das matas... - , emprestava-se ainda às tarefas internas da guarnição, sem um ai de queixume e indo para além do curial - por exemplo, fazendo-se padeiro e coordenando as tarefas de ordenação do refeitório.
Ocorre-me isto, por ler um louvor do comando do BCAV. 8423, relevando «um militar muito disciplinado, correcto e sempre pronto a cumprir quaisquer serviços, mesmo voluntários, que se solicitassem». O documento dá especial ênfase ao período dramático de Junho de 1975, quando milhares de civis foram socorridos no BC12 e tinham de... comer. Pois o 1º. cabo Almeida, atirador de cavalaria que se fez padeiro, teve «esforço especialmente notório» nesse período de incidentes, «trabalhando dia e noite, para apoiar tão elevado número de pessoas».
O militar Almeida, evoco-o como sempre disponível, sempre cumpridor e sempre atento, sem uma qualquer exuberância ou algum deslumbramento, sempre consciente dos momentos que se viviam. E também o lembro pelo pão quentinho que barrávamos de manteiga, às vezes recheávamos de queijo ou goiabada, ou presunto em dia de festa. Era pelas noites dentro, quando estávamos de serviço, no Quitexe ou em Carmona.
E como era bom o casqueiro amassado e cozido pelo padeiro Almeida, no forno da CCS!
- ALMEIDA: Joaquim Figueiredo de Almeida, 1º. cabo atirador de cavalaria, natural de Pedrogão de S. Pedro, em Penamacor. Faleceu a 28 de Fevereiro de 2009.
- FALECIMENTOS. Garcia, Almeida, Vicente e Leal já faleceram

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A mensagem que foi forjada para a coluna terrestre passar para Luanda

Refugiados da cidade de Carmona (Uíge) no BC12, protegidos pelo BCAV. 8423

JOSÉ DIOGO THEMUDO
Texto

A dada altura, estava eu a comandar o Batalhão, pois o tenente-coronel Almeida e Brito tinha entrado de férias, começámos a entregar algumas infraestruturas aos três movimentos : MPLA, FNLA e UNITA.
Para isso, reuníamos no Comando de Sector com os responsáveis locais dos Movimentos e combinávamos o que cabia a cada um e como é que essas infrestruturas, nomeadamente quarteis, iriam ser entregues. Só que a ganância era tanta que não cumpriam o que se havia combinado e ocupavam clandestinamente tudo que lhes aparecia à mão.
Como era de esperar, e como já li numa das histórias deste blogue, a determinada altura, os Movimentos deixaram de se respeitar e de nos respeitar também a nós e envolveram-se em guerra. Na nossa Zona de Acção a "força"estava do lado da FNLA e assim , os "militares" da UNITA e principalmente os do MPLA , tiveram que fugir. Muitos deles refugiarando-se, com alguns familiares, no nosso Quartel.
Para tirarmos a salvo esses refugiados, organizamos um transporte aéreo e uma coluna com destino a Luanda. No transporte aéreo, seguiram os mais "perigosos", assim como alguns civis - nomeadamente mulheres e crianças. Do aeroporto, tinham-me dito que no avião só cabiam 100 pessoas incluindo nesses 100, algumas crianças. Só que, na hora de embarcar as pessoas nas viaturas de transporte para o aeroporto, foi completamente impossível controlar quem ia e quem ficava. Uns diziam que só queriam ir despedir-se dos seus familiares e outros, de facto, queriam era fugir. Assim embarcaram no avião mais de 150.
Os pilotos nem queriam acreditar no número que lhes foi apresentado. A porta do avião fechou-se a muito custo e, depois de "comer" quase toda a pista , lá conseguiu levantar e levar os "forçados passageiros" para Luanda.
A coluna terrestre "encalhou" no Negage, porque a FNLA não nos queria deixar passar
. Dizia que aquela gente ia para Luanda e que, depois de se armar, regressaria a Carmona para se vingar da derrota sofrida. Depois de termos informado o Comando de Sector da situação e para que não houvesse mais derramamento de sangue, este forjou uma mensagem assinada por Ngola Kabango, que era Ministro em Luanda e era dos quadros da FNLA , que autorizava a nossa passagem. E assim a coluna lá seguiu o seu destino sem mais quaisquer problemas. Que será feito dessa gente? Uns terão ficado sempre por Luanda, outros talvez tenham regressado mais tarde.
Pequenas histórias passadas há 35 anos.
Um abraço para todos
JOSÉ DIOGO THEMUDO
- THEMUDO. José Diogo da Mota e Silva Themudo, capitão de Cavalaria e 2º. comandante do BCV. 8423, entre Março e Setembro de 1975. Actualmente, é coronel na situação de reformado e reside em Lisboa.

domingo, 18 de abril de 2010

Palestras orentadoras para as primeira eleições depois de Abril

Férias em Nova Lisboa, capital do Huambo (Abril de 1975) e correio

com notícias (políticas) de Portugal (em baixo)






Portugal preparava-se para as primeiras eleições e, em Angola, os Cavaleiros do Norte «casavam» os momentos de alguns frissons de rua com sessões de esclarecimento político. Afinal, ia-se votar - o que, para todos, era uma grande novidade.
Não assisti a nenhuma, pois andava lá pelos suis angolanos, em gozo de férias e até pouco «sensibilizado» para a «coisa», mas chegaram comentários alarmantes de Portugal (imagem ao lado). «Depois da euforia, começa a temer-se coisas chatas, há muitas dúvidas entre o povo que não entende nada do que os políticos dizem e se diz enganado. Não sei onde isto irá parar...», escrevia-me pessoa amiga, em correio para Nova Lisboa, dando-me nota dos fervores revolucionários que por cá se viviam.
«Eu sei que nem devo estar a incomodar-te com estas coisas, pois precisas é de gente que te anime, mas eu acho que isto pode realmente dar em estardalhaço...», confidenciava-me o correio chegado de Portugal. Por sinal, de gente colocada na área de esquerda. E bem de esquerda. O pai era delegado sindical, entre UDP e PCP.
Carmona, essa continuava a «arder», com regulares escaramuças entre FNLA e MPLA. E preparavam-se as eleições de 25 de Abril de 1975. O BCAV. 8423 foi encarregado de distribuir as urnas de votos e, para esclarecer os «cavaleiros», realizaram-se as tais sessões de esclarecimento, a 16 e 23 de Abril.
O Livro da Unidade usa um preciosismo - eram, afinal, «palestras orientadoras» - para definir tais sessões, que mais tarde o Neto me veio dizer, respondendo a pergunta minha, que «foram uma confusão....». «Vieram para aí dizer umas coisas mas eu acho que ninguém entendeu nadinha...», disse ele, que até era dos mais esclarecidos.
Só por curiosidade, por conversas entre «cavaleiros», dir-se-ia que a maioria andava pela esquerda e pelo PPD, com franjas muito minoritárias do CDS. Mas, na verdade, ouso dizer que a malta, quase toda a alta, não entendia nada do assunto e as nossas «ideias» reflectiam muito do correio que nos chegava de Portugal.

sábado, 17 de abril de 2010

Férias em Nova Lisboa e as primeiras eleições em Portugal

Férias em Nova Lisboa, com família e amigos, e barragem do Cuando (em
baixo). Clicar, para ampliar as imagens
Vantagem de escrever anotações nas costas das fotografias é recordar histórias a elas ligadas. A de baixo, a preto e branco, fez memória da minha visita à barragem do Cuando, a 14 de Abril de 1975, com Cecília Neves e o marido, Rafael. Na de cima, a cores, estou eu com Rafael e os quatro filhos: Saudade, Fátima, Idalina e Valter. Num dos muitos jardim de Nova Lisboa, no dia 16.
Retratam alguns dos momentos da minha passagem de férias pela cidade e arredores - em tempos de paz e alegria que se testemunha no olhar sorridente e feliz de todos. Seguramente, foram tiradas pelo Cruz - meu companheiro dessa jornada que nos levou ao sul de Angola. Merendámos nesse dia 14 de Abril, na barragem, por cujo arredor se erguia ao tempo uma missão católica - a uns dez/quinze quilómetros de Nova Lisboa.
A memória mais viva que me ocorre da foto de cima tem a ver com o pequeno pescador, que à viva força nos queria vender (e vendeu...) o peixe que tinha tirado à linha da lagoa.
De Portugal chegavam notícias das primeiras eleições. «O largo do cruzeiro está transformado em cenário multicolor, está até mais vistoso. São vários os partidos propagandeados, mas o PS e o CDS são os que predominam», dizia-me, por correio recebido no Hotel Bimbe, minha irmã Maria Dulce, dando ainda nota que «foi à luz do dia que os partidos andaram a fazer a colagem dos cartazes e até se juntaram os simpatizantes dos partidos para fazerem pinturas».
Eram as primeiras eleições portuguesas, depois de Abril de 1974!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O homem das transmissões aos berros no meio da emboscada...

Vista aérea da vila do Quitexe (foto cedida por José Lapa, do BART. 786).


ANTÓNIO CASAL
Texto
A propósito dos homens das transmissões, continência, sim senhor, muito bem. Aproveito para puxar dos meus galões, melhor dizendo, das minhas divisas. Ou não tivesse eu sido homem de transmissões!
Teria aqui pano para mangas muito compridas, mas vou resumir. Recordo-me de um dia almoçar com uns amigos, que faziam parte da escolta ao MVL. Dois tinham feito a recruta comigo e o alferes tinha sido meu colega de escola. Almoçámos os quatro e despedimo-nos cerca das duas da tarde. Ás 16 horas, recebemos uma comunicação via rádio, pedindo-nos ajuda. Não chegámos a sair do quartel, porque logo de seguida recebemos nova comunicação, a informar-nos que um PELREC já ia a caminho, proveniente de um destacamento mais próximo do local.
Partimos, sim, mas às seis da tarde, com uma tarefa bem mais dolorosa. Não vou entrar em detalhes, apenas quero salientar a atitude do homem das transmissões. Muito baixinho, metido apenas com ele mesmo e que quando falava, parecia que sussurrava. Contou-me o alferes, à noite, que o soldado de transmissões, ao saltar da viatura, foi protegido pelo rádio Racal TR 28, que foi atingido por uma das três Bredas montadas, ficando destruído e sem hipóteses de funcionamento. Abrigou-se atrás de a roda e aproveitou uma pequena pausa do tiroteio, para gritar a amplos pulmões, simulando que estava a falar com os camaradas e dando a entender que a ajuda estaria próxima. A atitude resultou e verificou-se uma reviravolta nos acontecimentos, que já tinham deixado as suas marcas.
O acto foi reconhecido e, já na vida civil, vim a saber que foi condecorado, ou que recebeu uma medalha pelo seu feito, não posso precisar. Creio que se chama(va) Mateus, o tal que se punha sózinho no seu canto e que era olhado como um "meia leca". E que, pelos vistos, até tinha boa voz, mas só dela fazia uso quando entendia ser necessário! Ele lá sabia. E lá soube!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A chegada do capitão José Diogo Themudo a Carmona

O capitão Themudo (à direita), com o capitão Falcão (ao meio) e o alferes Garcia (à
esquerda), na varanda interior do edifício do comando do BC12


O BCAV. 8423 esteve sem 2º. Comandante até Março de 1975, quando chegou a Carmona o capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo. Substituiu o major José Luís J. Ornelas Monteiro - que se apresentara em Santa Margarida, a 4 de Fevereiro de 1974, que nós mal conhecemos e que, nas vésperas do embarque da CCS para Luanda (a 29 de Maio), foi requisitado pelo MFA «por motivos imperiosos de serviço» e por cá ficou.
Reencontrámos, agora, o capitão José Diogo Themudo, já coronel e aposentado, que nos conta como foi parar a Carmona. Na primeira pessoa:
«Em Janeiro de 1975, fui mobilizado pela segunda vez para Angola. O meu destino era Silva Porto, para substituir um capitão que ia regressar à metrópole. Mas, quando cheguei a Luanda, fui informado que todas as tropas de Silva Porto já tinham regressado e que, portanto, já não ia substituir ninguém. Pedi, então, para regressar à metrópole, o que me foi negado, pois tinha sido o último oficial a chegar a Angola e podia fazer falta».
Continua o coronel Themudo, a contar a sua história angolana: «Instalei-me na messe de oficiais e de quando em vez passava pelo Quartel General, para saber se havia notícias. Estive na praia durante um mês. Por um feliz ou infeliz acaso, certo dia fui ao aeroporto despedir-me de um camarada de armas e encontrei também por lá o então Tenente-Coronel Almeida e Brito, que me convidou para 2º. Comandante do Batalhão».
O capitão José Diogo Themudo, que então se sentia «farto de nada fazer» em Luanda, resolveu aceitar o convite, «apesar das funções serem de major e eu ainda ser capitão». E, no dia seguinte, lá foi com Almeida e Brito ao QG/RMA e resolveram a situação.
Sem demora, estava em Carmona no Batalhão de Cavalaria 8423. Deixavam os Cavaleiros do Norte de estar órfãos do 2º. Comandante.
- QG/RMA. Quartel General da Região Militar de Angola.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Comunas do Qutexe com ajuda alimentar

Momento em que o governador provincial e o presidente da AJAPRZ
distribuíam bens alimentares, industriais e material didáctico. Fotografia: Eunice Suzana

A alegria estampada no rosto de Luís Alexandre Joaquim, um menino de sete anos, era contagiante. Recebeu, domingo último, da Associação de Jovens Angolanos Provenientes da República da Zâmbia (AJAPRZ), material didáctico e uma pasta escolar. Quem também saltou de alegria foi a pequena Mingota, que também recebeu material didáctico e uma pasta escolar.
Estamos muito alegres. Agora já não vamos mais levar os cadernos nas mãos”, disse Juliana André, aluna da escola primária da comuna de Cambamba, a cerca de 88 quilómetros do Quitexe.
Ver notícia completa AQUI.

Conflitos entre o MPLA e a FNLA na cidade de Carmona


Rua do Comércio uma das principais da cidade de Carmona (Uíge), em 1975

Os dias de Abril de 1975, em Carmona, foram assombrados por repetidos incidentes entre militantes dos movimentos emancipalistas - a que a tropa portuguesa ia dando «resposta», procurando conciliar forças. Mas o destempero de alguns dos (ex)combatentes exorbitava-se muitas vezes e começou a não ser invulgar ter de intervir em «força».
Luanda multiplicava-se em incidentes inter-movimentos e Carmona sentia-se minimamente segura, mas a guarnição via, aos poucos, confirmarem-se as sábias e experientes palavras de «aviso» do comandante Almeida e Brito: «Os problemas vão cá chegar...».
À boca pequena, e normalmente nas noites de serviço, sussurravam-se «coisas» entre a tropa miliciana graduada, furriéis e alferes - estes, por ouvirem nas messes o que a parada desconhecia. Os patrulhamentos mistos, normalmente sem problemas, começaram a ser pasto de pequenas escaramuças e os Cavaleiros do Norte muitas vezes eram maltratados e ofendidos nas ruas da cidade, por europeus que nos apontavam dedos em riste e acusavam de traidores. Repetiam-se pequenos tumultos, cada vez mais graves e entre os movimentos!
Reporto o Livro da Unidade, sobre a intervenção das Forças Armadas Portuguesas: «Houve que fazer intervenção a conflitos diversos, o mais grave deles a 13 de Abril, na própria cidade, aquando uma acção de fogo entre o MPLA e a FNLA, através de elementos das duas forças militares». Fez ontem, 35 anos!
E de tal monta se foram repetindo os incidentes que a guarnição foi de imediato reforçada, para «obstar tais inconvenientes e para cumprir uma intensa actividade de patrulhamentos mistos». A 14 de Abril (faz hoje 35 anos), chegou um grupo de combate do BCAÇ. 5015 e, na noite de 15 para 16, um outro - este da 3ª. CCAV., ao tempo ainda no Quitexe.
A sul, eu e o Cruz vagabundeávamos por Nova Lisboa e cidades limítrofes, em gozo de férias que ainda hoje nos deixam adoçar a boca. Sempre atentos à Emissora Oficial de Angola, para saber notícias do país que estava a nascer em berço de alguns tumultos.
- BCAÇ. 5015. Batalhão de Caçadores 5015, cumpriu comissão em Angola entre 1974 e 1975, com instalações na Damba (CCS), Chimacongo (1ª. CCAÇ.), Mucaba (2ª. CCAÇ.) e Quivuenga (3ª. CCAÇ.). Desconheço a que companhia pertencia o grupo de combate.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Agência do Banco BIC na cidade de Uíge (antiga Carmona)


Uíge, 13/04/2010: Uma nova agência do Banco BIC foi ontem (segunda-feira) inaugurada na cidade do Uíge - antiga Carmona -, numa cerimónia presidida pelo governador provincial, Paulo Pombolo.
O presidente do Banco BIC, Fernando Teles, garantiu que, com a abertura do novo balcão, há a possibilidade do empresariado local obter crédito.
"O nosso objectivo é continuar apoiar os pequenos agricultores e outros ligados à pecuária, assim como os empresários e funcionários da província do Uíge", disse, pedindo, para o efeito, melhor colaboração entre empresários e o banco.
Notícia a partir da Angola Press, ver AQUI

Os meus dias de Nova Lisboa !!!...

Hospital Militar e jardim de Nova Lisboa, em Abril de 1975 (em cima). Porto do
Lobito, no dia 12 ou 13 do mesmo mês (em baixo). Repare-se nos slogans revolucionários
escritos no muro. Clicar, para ampliar as imagens
A minha estadia em Nova Lisboa deslumbrou-me. A cidade era moderna, apetecível, bem desenhada, cheia de espaços ajardinados e fluidez de trânsito, muito bem estruturada, ampla e de gente simpática e ordeira. Com muitas respostas para a nossa curiosidade jovem.
Por lá caminhei eu, em busca da soleira da porta de familiares: o Manuel e o Zé Mau (ambos Viegas), primos direitos de meu pai. Queria que eles me mostrassem a casa que um tio comum, irmão de minha avó paterna, tinha construído na cidade e seria, segundo a lenda familiar, a primeira de Nova Lisboa com dois andares - lá pelos anos de 40 e tal.
A casa, para minha alegria, ainda existia - embora habitada por outra gente. Era do tio Joaquim Viegas, que sempre me deliciava com latas de goiabada, era eu miúdo e quando ele vinha de férias a Portugal.
Por lá, em Nova Lisboa, moravam os irmãos Miranda, meus companheiros de escola primária - o Óscar (que a vida levou a combatente da UNITA e, depois, apanhado da justiça em Portugal) e o Nélson (que por cá também conheceu uns lados menos bons). Filhos de Zulmira e Óscar.
E o Orlando Rino, com bar no bairro de Santo António, junto ao campo militar - onde petisquei fartas panquecas, molhadas a jarros de vinho branco. Com ele, fui ao Lobito, numa epopaica viagem de automóvel que teve um stop "militar" de combatentes de um movimento, uns quilómetros adiante do Alto Hama, serra abaixo no caminho de serrania para a beira-mar. Ainda hoje estou para saber onde levava ela a arma com que enfrentou a "turba" que nos assaltava.
Com ele moravam a mulher Paula, já com dois dos três filhos; e os sogros Figueiredo e Leontina. Foi uma festa, na casa do bairro de Santo António!!! Leontina lembrava-se do que eu tinha esquecido: uma irmã dela, na nossa aldeia ribeirense, tinha dado uma queda com um carrego de erva à cabeça, partira uma perna e fôra eu, pelos meus 12/13 anos, quem a ajudara nessa aziaga tarde de inverno. E lá ia mais um copo de branco, a cada lembrança que se avivava.
O Cruz, bem mais contraído que eu, deliciava-se no viver destas parlengas adocidadas pelo sabor do chão da terra ois-da-ribeirense. E lá ia mais um copo de branco!
E as minhas férias militares, em Abril de 1975!!
- MANUEL E ZÉ «MAU». Primos de meu pai e ao tempo residentes em Nova Lisboa. Manuel já faleceu. Zé mora em Travassô e é avô de Edson Santos, chefe de gabinete do presidente da Câmara de Águeda.
- ORLANDO. Orlando Tavares Rio, conterrâneo de Ois da Ribeira, actualmente residente em Rio Grande (Brasil), onde já estive com ele por quatro vezes. Os sogros Leontina e Figueiredo já faleceram.
- MIRANDA. Irmãos Óscar Alberto (residente em Lisboa) e Nélson Manuel Marques Miranda (em Coimbra).
- JURA. Juventude Unida Revolucionária de Angola, movimento de jovens da UNITA.
- PUNA. Sigla do Partido para a União Nacional de Angola.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

As transmissões e a operação na mata da Serra do Quibinda

Um grupo de Transmissões da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, em 1974 (em cima, clicar
para a ampliar) e um operador do Racal TR28 (em baixo, foto tirada DAQUI)


As transmissões eram essenciais, fossem lá elas falhar quando fosse necessária uma evacuação, um socorro, uma comunicação urgente. As saídas para operações, os patrulhamentos, ou para as mais vulgares escoltas, não dispensavam o homem da rádio.
A minha primeira operação na mata angolana, pela serra de Quimbinda adentro, foi de três dias - com dois grupos de GE´s. E bem sei e lembro as aflições de deixar de ter o Racal TR28 a comunicar com o Quitexe, a partir da manhã do segundo de três dias. E o medo, o constrangimento, a boca que se fazia roxa de morder os lábios enquanto se palmilhavam os trilhos da mata, carregando a mochila, de arma aperrada e olhos bem abertos, a querer ver o que não... queria. Entre a vida e o temor do sangue e da morte.

Ao terceiro dia, numa clareira já perto da fazenda Vamba, lá esticámos as antenas, tentando comunicar com o Quitexe. Qual quê?!!! Quando finalmente a comunicação foi conseguida, não havia acerto de senhas - não sei já porque coisa! Falei em linguagem claro, sem códigos, aflito! «Sou fulano, pá!...».
Não me percebia o operador, ou não reconheceu! Foi um drama! Havia legítima dúvida de identidade, há para aí 30 horas que não havia contactos, sabe-se lá o que teria acontecido, se não estaria prisioneiro!

Finalmente, lá nos entendemos. E fomos transportados pelo Pelotão de Morteiros, comandado pelo Alferes Leite, açoreano - que não me deu palavra até que chegámos ao aquartelamento. Eu e uns 40 e tantos GE´s. O Racal TR28 lá voara os éteres dos céus de Angola, com a mensagem que nos «evacuou». Estão a ver a importância das trasmissões. Aqui lhes presto a minha continência.

domingo, 11 de abril de 2010

Os dias de Nova Lisboa e as preocupantes notícias de Carmona...

Viegas de férias em Nova Lisboa, Abril de 1975. Com a madrinha Isolina (em cima) e
na estátua de Norton de Matos, perto da estação dos CTT (em baixo)


Há 35 anos, não havia telemóveis. Oi, telemóveis!!! E telefonar dos fixos que havia não era coisa de todos os dias. No Quitexe, por exemplo, nem sei se havia telefones.
Havia em Carmona e na messe de sargentos - que fôra de oficiais, no bairro Montanha Pinto.
Por esta altura de 1975, estava eu por Nova Lisboa a ser mimado no Hotel Bimbe, que era da prima Cecília e marido Rafael - filha de meu padrinho de baptismo, Arménio (que tinha falecido na Gabela). Com eles,vivia a viúva Isolina, assim minha madrinha por afinidade. E os quatro filhos do casal. Telefonei de lá para Carmona e falei com o Neto. «Como é que vão as coisas ?!!!...».
Não iam muito bem, com algumas escaramuças na cidade e muita turbulência nas relações entre os militares dos movimentos. Havia nervosismo e expectativa, algumas ansiedades, alguns perigos, nervos à flor da pele. E as notícias que chegavam de outras cidades eram preocupantes. «Lembras-te do que nos disse o Garcia?!...», perguntou-me o Neto.
Eu lembrava-me bem e, por isso mesmo, conversei com o Cruz (que me acompanhava) sobre o que deveríamos dizer aos meus familiares. Acabei por os alertar para os perigos iminentes, para as escaramuças que se viviam no norte e às quais a população do sul não dava crédito. Por lá, andava tudo pacífico, era tudo rosas e cravos num mar de tranquilidade. Quais guerras, quais quês?!
«Acho que devem preparar-se para ir embora...», disse eu a Cecília e Rafael, numa viagem à Caala, em momento que achei oportuno. E insisti.
Não concordaram e até se admiraram com a sugestão! Nem quando, na noite da minha saída de Nova Lisboa, os voltei a tentar sensibilizar - dando-lhes o exemplo da greve do pessoal do hotel, de uns dias antes! Greve que foi em toda a cidade e gerou alguns conflitos - embora resolvidos pela polícia.
A saída deles para Portugal viria a ser bem difícil - numa «fuga» de avião que os trouxe pelo Gabão, já os filhos e a mãe (sogra) tinha, sido «evacuados». Foi em Agosto de 1975 e, sem disso saber - já não havia ligações telefónicas!!!... - andei eu alguns dias peoo aeroporto de Luanda, tentando localizá-los, entre os milhares de «retornados» que esperavam viagem para Lisboa - por não ter notícias deles. Cheguei a ir à Emissora Oficial de Angola, que para o efeito tinha um programa - no sentido de os localizar. Sem conseguir.
- CECÍLIA. Cecília Tavares das Neves, minha familiar e filha de meu padrinho de baptismo. Casada com Rafael Polido, tinham uma fazenda na Gabela e adquiriram o Hotel Bimbe, em Nova Lisboa. Vivem em Ois da Ribeira, Águeda.
- CAALA. Cidade também conhecida por Roberto Williams.
- GREVE. Trabalhadores negros da região de Nova Lisboa fizeram greve geral. Eu e o Cruz, sem grande habilidade minha, substituímos os do hotel, servindo os almoços e os jantares no restaurante. Ninguem ficou com fome!

sábado, 10 de abril de 2010

António Carlos Fernandes de Medeiros

Passam hoje 7 anos sobre a morte de António Carlos Fernandes de Medeiros, que foi 1º. cabo operador-cripto da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423. Foi a 10 de Abril de 2003, aos 51 anos, de doença. Era do Porto e já não está connosco.
Foi lembrado no Encontro dos Cavaleiros do Norte, de 12 de Setembro de 2009, e o seu passamento faz-nos lembrar quanto de passageira é a nossa vida terrena, que quantas vezes nem saboreamos e valorizamos bem. Dele lembro, o ar sempre sereno, sempre sério e afável, sempre me parecendo cúmplice (por responsável) com a nobreza da missão que desempenhava.
A família, se nos lê, que receba o abraço solidário dos Cavaleiros do Norte - neste comentário de saudade que editamos constrangidos, por ser portador da dor e do luto da morte. Até, Medeiros! Até à ressureição
!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Residências no Quitexe para antigos combatentes



A ministra da Família e Promoção da Mulher, Genoveva da Conceição Lino (foto), procedeu ontem (8 de Abril) no Quitexe, ao lançamento da primeira pedra para a construção de residências destinadas a antigos combatentes, veteranos de guerra e viúvas.
Aa acção enquadra-se no "Projecto Kussanguluka", em parceria com o Consórcio Comandante Loy, que prevê a construção de 3800 casas na província do Uíge e para este grupo alvo.
O presidente do Consórcio Comandante Loy, Domingos Barros, disse que o projecto inclui, na primeira fase, a construção de casas do tipo T2, T3 e T4, em três municípios da província. Na segunda, abrangerá os outros 16.
Domingos Barros considerou ser inoportuno revelar o orçamento global do projectoe referiu que vai comportar também áreas para actividades agrícolas e outras, por parte do grupo alvo.
Dados de Angola Press,
7 de Abril de 2010

O blogue tem um ano, vejam lá!!!...

O primeiro post do blogue, há precisamente um ano. Era o Cavaleiros do Quitexe,
agora Cavaleiros do Norte / Quitexe

A 9 de Abril de 2009, Quinta-Feira Santa, cheguei a casa depois de mais um dia de trabalho e seroei a ver imagens fotográficas da tropa. Senti um mar de emoções e saudades!!! Comentei algumas peripécias que a memória m´ajudou e disse-me a senhora minha mulher, a provocar-me: «Olha, faz um blogue!!!...».

Ajudou-me ela na empreitada, por ser eu leigo absoluto na matéria blogueira, e gostei do que vi! E, de contente por não me doer um dente, fiz passar a mensagem a meia dúzia de companheiros da tropa, daqueles que ficam para toda a vida.
Hoje, passado um ano, com postagens diárias, mais de 81 000 visitas e um encontro de Cavaleiros do Norte pelo meio e outro já na soleira da porta, ainda por aqui andamos a contar histórias do que foi a nossa passagem pela Angola que todos aprendemos a amar.

Não vou pôr foguetes, não vou... Mas vou beber uma taça!!! Aos garbosos Cavaleiros do Norte!!! E a todos quantos comigo assinam esta «crónica» diária.
Quem quiser ir ver o primeiro post, pode ir aqui: http://cavaleirosdonorte.blogspot.com/2009/04/o-furroel-milicano-em-angola.html

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Governador do Uíge elogia modernização das Forças Armadas

Uíge, 8/Abril/2010: O governador provincial do Uíge elogiou hoje, quinta-feira, o processo de modernização e reedificação das Forças Armadas Angolanas e do Exército, em particular, em vários domínios, o que tem permitido cada vez mais o crescimento qualitativo e a prontidão combativa das tropas, visando a sua participação activa nas tarefas da reconstrução nacional.
Paulo Pombolo fez este elogio durante a abertura da 16ª. reunião do Conselho Superior do Exército, no Quartel General da Região Militar Norte, sob orientação do Chefe do Estado Maior do Exército, general Jorge de Barros Nguto.
Ver AQUI. Uíge é a província a vermelho, no mapa.

Dias de Luanda e vésperas de voar para Nova Lisboa...

Dias de Luanda, com o carro do Albano Resende, na ilha - pouso
habitual das férias de Abril de 1975

Os dias de Luanda eram vividos com grande enstusiasmo, até sofreguidão!!! O facto de podermos dispôr de uma viatura, facilitava a nossa mobilidade e era um «ver-se-te-avias» de galgar a cidade e a ilha, pulando para a restinga, pisar a areia quente da praia e... saltar à ilha do Mussúlo, olhando a cidade que como que se fazia despedir do nosso deslumbramento - num «até já» que nos escaldava as emoções e apetites.

A semana pós-páscoa de 1975 - a 30 de Março!!... - foi passada num corre-corre intenso, nem um dia sem encontrar um vizinho de Portugal ou um amigo, deixando para as noites quentes de Luanda o saciar das nossas fomes da idade. Um dia, ao cimo da avenida Álvaro Ferreira, perto do Palácio do Governo, dei de caras com o Carlos Sucena, aqui de Águeda e que por lá cumpria a sua comissão de serviço. Éramos amigos de escola e matámos saudades à volta de cerveja fersquinha, servida em copos de bazuca.

Carmona, a 340 quilómetros, ressacava dos incidentes de Luanda e outras cidades, acautelando-se em patrulhamentos cada vez mais regulares e intensos -na sua malha urbana. Disse tive eco por companheiros que, de passagem pela capital, rumavam em Lisboa, para férias.

A CCS do BCAV. 8423 recebeu o alferes miliciano João Carlos Lima Cabral, para substituir José Leonel Pinto de Aragão Hermida (ver AQUI). A 2ª. CCAV. passou a ter novo enfermeiro - o 2º. sargento miliciano Manuel Alcides da Costa Eira, que esteve no Encontro da CCS, a 12 de Setembro de 2009.

Em Luanda, faziam-se vésperas para o nosso voo aéreo para Nova Lisboa. Em férias com o Cruz!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Palavras para quê? Aí está o convite para o encontro de 2010!!!...

O convite para o Encontro da CCS do BCAV. 8423 em 2010 (clicar, para ampliar)

O correio trouxe-me hoje a «novidade» que eu já sabia: a 29 de Maio a cavalaria do Quitexe e de Carmona (e Luanda) vai juntar-se em Ferreira do Zêzere, precisamente no dia em que, em 1974, partimos para Angola. Há 36 anos!!! O calendário não podia, realmente, ser mais justo para esta gente amiga que por Angola fez companheirismo multiplicado por todos estes anos: no mesmo dia do mês em que partimos, lá estaremos nós a confraternizar, a partilhar camaradagens, a dividir afectos e a somar paixões!
Dito isto desta maneira, até parece que é bonito. E é!!!... Só quem vive estes momentos os pode entender. Que não falte a malta!!!
O desafio é, então, que cada Cavaleiro do Norte - da CCS!!! - chame mais um amigo, para que sejamos mais que em 2009!
Os contactos de organização são com o (ex-alferes) Ribeiro, pelos telefones 912670944, 241897377 e email jaimeroribeiro@gmail.com. E com o Aurélio (o Barbeiro), pelos 917299792 e 249391337, e o Vicente Alves (condutor), pelos 968555090 e 274898456.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Incidentes...

Militares dos movimentos emancipalistas, no BC12, em 1975 (foto de Rodolfo Tomás)


A presença de militares dos movimentos emancipalistas na guarnição do BC12, em Carmona, não direi que nos criou constrangimentos - nem me lembro, sequer, de qualquer caso de indisciplina ou mau relacionamento com as FAP - mas sempre gerava algum desconforto, nomeadamente nos primeiros contactos.
A verdade, porém, é que, principalmente entre eles, vivia-se um clima de «desconfiança». Afinal, eram três movimentos que tinham combatido o exército português, mas antipatizavam-se em notórias diferenças. Os incidentes de Luanda e Salazar apressaram alguns outros na província do Uíge - onde o BCAV. 8423 era praticamente a única força militar portuguesa. E a FNLA a força emancipalista mais dominante, muito protestada pelo MPLA. Com homens em armas.
Hoje, 36 anos depois, é provavelmente mais visível, para nós, o fosso que se então se cavava entre os movimentos, alimentado em constantes incidentes - principalmente entre o MPLA e a FNLA.
O Livro da Unidade refere que «os incidentes de Luanda vieram em ressaca até Carmona, dando origem a que houvesse que fazer intervenção a conflitos diversos».
Recordo, de Luanda e dos primeiros dias de Fevereiro de 1975, incidentes que levaram à morte de um capitão e de um alferes miliciano portugueses, perto do mercado do Bairro de S. Paulo. O capitão miliciano era andebolista do Sporting (de Lisboa) e ambos foram abatidos quando tentavam uma conciliação. Rapidamente a notícia se espalhou e as FAP quiseram retaliar, mas foram impedidas pelos comandos militares.
Eu estava em Luanda nesse dia, tinha passado no local (à civil) pouco tempo antes e fui interpelado por homens armados e aparentemente drogados, que me saíram na frente, sob um edifício que passava por cima da rua. Queriam deter-me, ia eu para o bairro da Cuca, visitar a Benedita e o Mário. Conhecia bem o local, onde praticamente ia sempre quando estava em Luanda - não só para visitar Benedita e Mário, como o (PSP) José Martinho e, nos primeiros meses, também o conterrâneo Custódio, soldado sapador. E, inevitavelmente, ir ao bacalhau do Vilela.
Lá me safei... mas na altura sempre a supor que levaria um tiro pelas costas, enquanto galgava a estrada no Toyota do Albano Resende. Ainda agora, ao lembrar-me deste momento, sinto um arrepio pelas costas acima.
- NOTA: Já depois de elaborado este post, socorri-me da net para (tentar) melhor caracterizar o lamentável incidente de que resultou a norte do capitão Ramiro Pinheiro e do alferes miliciano Santos, AQUI. De lá retirei os nomes e a foto e para lá remeto os leitores.
- FAP. Forças Armadas Portuguesas.