quinta-feira, 20 de outubro de 2011

1 040 - O incidente disciplinar e o castigo do Buraquinho...

1º. Cabo Coelho (Buraquinho) em pose fotográfica. Ao fundo, vê-se a messe e bar de sargentos do Quitexe, onde ocorreu o incidente de faz hoje 37 anos



O inimitável Buraquinho, sempre exuberante no verbo e farto nas estórias que tanto gosta de contar, vai saborear com um sorriso o post de hoje: o que vem contar a participação que o levou a castigo e despromoção. O incidente ocorreu faz hoje precisamente 37 anos.
Era domingo, 18 horas do Quitexe, os furriéis faziam tempo para o jantar e eu, de serviço, chegava da cantina e da refeição dos praças. Tagarelava no bar e messe de sargentos, quando, estridente como sempre, o 1º. cabo Coelho (o Buraquinho) entrou por lá dentro. E não podia. Assim determinavam as normas. E parlapeou, parlapeou quanto pôde e quis..., empatando o cumprimento da ordem para sair.
Ora, ordens são ordens!
Estando eu de serviço, a mim cabia fazê-las cumprir. Coisa que o Buraquinho teimosamente se recusou a fazer. «De tal maneira levando a sua má educação, que até obsecenidades proferiu», escrevi eu na participação, na qual acrescentava que «continuou com insolências» e, descrevi mais adiante, «recusando-se a cumprir a ordem».
Ora a coisa complicou-se: um furriel de serviço a ser desobedecido e ofendido, como todos os outros, e, como se continuou a recusar a sair, tive de agir: Participei eu: «Novamente instado para se retirar do local, continuou a recusar-se, altura em que, para o obrigar ao cumprimento da ordem, tive de utilizar meios coercivos, não sem que o citado militar opusesse resistência, mas acabando por sair».
Sair, ele saiu. Mas voltou a entrar, aproveitando a altura em que me sentava. «O desrespeito por uma ordem, obrigou-me novamente à aplicação de meios coercivos, para que se retirasse definitivamente, o que aconteceu», escrevi eu na participação.
A história foi toda provada em tramitação processual e tem pormenores mais recambolescos e voos por cima de cadeiras e varandins, mas poupo-os neste dia em que se passam 37 anos sobre o incidente - que foi testemunhado pelos furriéis milicianos António José Dias Cruz, José dos Santos Pires, Manuel Afonso Machado e Miguel Peres dos Santos, entre outros.
O resto já se sabe: o Buraquinho foi castigado e despromovido e continuámos amigos, como sempre e até hoje.
- COELHO. Alfredo Rodrigo Ferreira Coelho, 1º. cabo
analista de águas, o Buraquinho. Empresário do ramo
da restauração em Custóias (Matosinhos).
- PARTICIPAÇÃO. Cópia, na imagem. Podem clicar, para
a ampliar. A participação tornou-se obrigatória, por se tratar
de um incidente público. De outro modo, eu não teria participado. 

2 comentários:

rodrigues -zalala disse...

Viegas, eu era da 1ª Companhia e a ver esta foto, identifico logo o 1º Cabo (Buraquinho) tinha de ser uma pessoa popular no meio militar para toda a gente o conhecer, por certo algumas vezes de modo contraditório, vez se arranjas umas divisas e dá ao Homem, coisas da tropa, que mesmo contra vontade tinham de ser feitas como os incidentes disciplinares e os respectivos castigos aplicados. Para este 1º Cabo (Com divisas) um forte abraço do Rodrigues de Zalala

rodrigues -zalala disse...

Viegas, eu era da 1ª Companhia e a ver esta foto, identifico logo o 1º Cabo (Buraquinho) tinha de ser uma pessoa popular no meio militar para toda a gente o conhecer, por certo algumas vezes de modo contraditório, vez se arranjas umas divisas e dá ao Homem, coisas da tropa, que mesmo contra vontade tinham de ser feitas como os incidentes disciplinares e os respectivos castigos aplicados. Para este 1º Cabo (Com divisas) um forte abraço do Rodrigues de Zalala