Oos crimes ocorreram nos municípios do Uíge (o maior número), Negage, Songo, Sanza Pombo, Quitexe (Fange, no mapa) e Maquela do Zombo.
Notícia DAQUI.
BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
O mês de Janeiro de 1975 registou alguns incidentes disciplinares com militares do BCAV. 8423, com punições a um alferes miliciano, a um furriel e a vários praças. Não recordo as razões que levaram a tal, mas a o oficial da CCS «apanhou» três dias de prisão disciplinar (depois agravada pelo Comando de Sector do Uíge) para oito dias de prisão disciplinar agravada.
O furriel miliciano, também da CCS, «apanhou» cinco dias de prisão disciplinar agravada, agravada para dez - pelo Comando de Sector do Uíge. As punições aos cinco praças, variaram entre as quatro guardas e os 20 dias de prisão disciplinar agravada -nesta caso também a um soldado da CCS, que a viu agravada para 30. Os outros militares punidos eram da 3ª. CCAV.
A disciplina era fundamental no seio da guarnição, abusos sempre havia (é natural...), mas também era conhecida a férrea mão do Comandante Almeida e Brito. Tão implacável quanto benevolente e generosa.
Oficial e furriel, devido ao agravo das penas, tiveram de abandonar o BCAV. 8423 - o que aconteceu já no mês de Março. Deles soube, em informação actualizada, que já faleceu o furriel miliciano, por doença e depois de ter sido emigrante nos Estados Unidos e, por cá, guarda florestal. O oficial miliciano, depois de um período cívil que o levou às barras do tribunal, faz pela vida numa cidade do litoral centro português.
NOTA: Os nomes foram propositadamente omitidos.
As relações entre os militantes dos movimentos emancipalistas azedaram logo que se instalaram nas vilas e cidades de Angola. A zona de acção do BCAV. 8423, a norte, a partir da vila-mártir do Quitexe, estendia-se, por Janeiro de 1975, ao longo da chamada Estrada do Café, em asfalto - ligando Carmona (Uíge) a Luanda.
A presença dos Cavaleiros do Norte assentava guarnições em Vista Alegre, com a 1ª. Companhia, ida de Zalala, comandada pelo capitão Castro Dias. Por Aldeia Viçosa, onde continuava a 2ª. CCAV. do capitão José Manuel Cruz. E pelo Quitexe, onde estava a CCS, o comando de Batalhão e, agora, parte substantiva da 3ª. Companhia - a de Santa Isabel, comandada pelo capitão José Paulo Fernandes.
A 26 de Janeiro de 1975, faz hoje 35 anos, registaram-se acidentes com alguma gravidade em Aldeia Viçosa - onde a FNLA abria uma delegação, nesse dia. Os dois movimentos (FNLA e MPLA) não se entenderam quanto à realização de um comício conjunto - depois de nela acordarem - e houve mosquitos por cordas, dando aso a uma situação de atrito considerada grave pelas Forças Armadas Portuguesas. Que intervieram. Intervieram em situação apaziguadora, de risco, mas que foi alcançada.
O momento foi vivido com fundamentados temores e grávido de interrogações, entre a guarnição portuguesa: o que vai acontecer amanhã, se eles não se entenderem? Vai haver paz? As NT vão passar à guerra urbana, depois da guerrilha de mata? A descolonização vai correr bem? Perguntas para as quais não havia resposta e nos constrangia o dia-a-dia.
- MPLA. Movimento Popular de Libertação de Angola, liderado por Agostinho Neto.
- FNLA. Frente Nacional de Libertação de Angola, presidida por Holden Roberto.
- NT. Nossas Tropas, sigla convencionalmente atribuída às Forças Armadas Portuguesas.