Furriéis Neto e Viegas a gravar cassetes no seu quarto (comum) do Quitexe: «Olá amor, olá Ni...», diria o Xico Neto
Furriéis Monteiro e Viegas a gravar «mentiras» d´amor para Nani (Fernanda Queirós Monteiro) no quarto do Quitexe. Sorriam, se faz favor!
Nani e Ni: ora leiam lá minhas meninas, por que vos trouxe eu para aqui!
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Estas duas meninas da foto, a Nani e a Ni, aqui com cara de quase cinquentonas mas notoriamente muito, muito bem conservadas, foram duas das maiores «vítimas» da implosão romântica dos furriéis cavaleiros do Quitexe do meu tempo. Do Monteiro e do Xico Neto, bem entendido! E respectivamente! Eram, ao tempo, as doces e apetitosas namoradas deles. Hoje, suas amadas e desejadas mulheres de muitos anos!
O que arrimava hoje um, de juras de amor eterno e promessas de fidelidade total e absoluta, caprichava o outro no momento seguinte - renovando e multiplicando votos. Era um ver-se-te-declaras-meu-amor permanente!
Um dia, o Monteiro descobriu que o Xico Neto, por cassetes gravadas no nosso quarto, romanceava grandes e quentes juras de amor para a sua Ni! Juras que ele mandava para Portugal em repetidos sacos de açúcares de paixão (as cassetes). A Ni era (e é!) a Eunice os seus desejos, que pelo Beco de Macinhata (Águeda) se deitava em sonhos e pesadelos de saudades do seu mais que tudo!
«Então, olha lá... e a minha Nani?!....», interrogou um dia o Monteiro, a deitar suores de saudade por tudo quanto eram poros do seu corpo quente, nostalgiado da ao tempo jovem professora primária que assinava Fernanda Queirós. Como hoje, mas já avó! A Nani!
«Também quero mandar-lhe uma cassete!...», proclamou o apaixonado e delirado Monteiro!
Então, mas qual é o problema? Grava-se uma cassete para a Nani! E para a Ni!
Tudo foi estudado ao pormenor: a força da rima do verso de paixão, a quadra de piedosa (digo eu!...) e generosa promessa de amor eterno, «ó minha isto, ó minha aquilo, ó meu sonho de todas noites, ó meu corpo de desejos, ó minha mulher de Canaveses (ou do Beco) que me sensualizas os sonhos, ó coisinha q´adormeces as minhas noites do Quitexe!». Tão a ver?
É evidente que, hoje - 35 anos depois... - eu não me lembro bem, nem aqui poderia repetir a hora e meia da cassete, cheínha da conversa fiada de juras que se faziam amoras e amores destes jovens furriéis de Abril, armados em cavaleiros do Quitexe. Mas sei, tenho a certeza, 35 anos passados, que não cometi sacrilégio nenhum sempre que palavreei o mais fácil e adocicado que soube e me dispus a «coordenar» e acicatar as declarações destes dois furriéis do Quitexe - um de Águeda ( o Neto), outro de Vila Boa de Quires, de Marco de Canaveses (o Monteiro).
Ali no meu sótão, encontrei um poema, de não sei quem, que foi declamado em cassete cor de vinho, para a Nani e a Ni: «Amor, que carregas na mochila da saudade/As saudades das muitas nossas noites nuas.../Lembra-te da flor aberta do nosso coração/Inventa sonhos do meu rosto e de luas/E mata assim a tua e nossa solidão».
Estas cachopas que tantas «mentiras» leram e ouviram, agora já felizes e realizadas cinquentonas, corariam de certeza, ainda hoje, se, num qualquer madrigal de serenata, agora lhe cantássemos ao ouvido estas juras lavradas nas noites de cio e romance do Quitexe.
Sorriria, certamente, a doce Nani! A Nani que ali está na foto, com o cestinho de afectos pendurado na mesma mão direita que tantos corações traçou de setas, em nostálgicas cartas/aerogramas para o Quitexe!
Sorriria, seguramente, a amada Ni!: «Vocês são uns malucos!...».
Olhem lá, digo-vos eu: portem-se bem e amem os vossos desejados maridos, meus amigos e antigos furriéis de Abril e do Quitexe!
- NANI. Fernanda Queirós, ao tempo namorada e hoje mulher do )ex)furriel (José Augusto Guedes) Monteiro.
- NI. Eunice Santos, ao tempo namorada e hoje mulher do (ex)furriel (José Francisco Rodrigues) Neto.