Bento, Rocha, Viegas, Flora, Lopes (enfermeiro da CCS), Capitão e Ribeiro (atrás), Carvalho, Flora, Lopes ( 3ª. CCAV.) e Reina, furriéis do BCAV. 8423 na noite de Ano Novo de 1974 para 1975, no Quitexe (Angola)
A 31 de Dezembro de 1974, por obra e magistério de quem mandava nas escalas de serviço, a minha modesta pessoa - furriel miliciano Viegas, nº. 06810773, cursado em Operações Especiais e medalhado Ranger da CCS do BCAV. 8423 - estava de serviço. Sargento de dia!! Só podia ser, por graça de quem, hierarquicamente superior, sempre me quis punir, embora sem o conseguir, ao longo de 15 meses da comissão angolana!
Isto para dizer que, na noite de passagem de ano de 1974 para 1975, o «menino» estava de serviço: sargento de dia à gloriosa Companhia de Comando e Serviços do Batalhão de Cavalaria 8423!!! Já, pela mesma razão, tinha estado na noite de Natal. E em outros dias especiais acontecera, ou viria a acontecer o mesmo! O dos anos, o de carnaval, o da Páscoa!
Passemos adiante!
Por essa altura, já os companheiros de Santa Isabel (a 3ª. CCAV.) acamaradavam connosco, no Quitexe! - na prossecução do calendário de mutação do dispositivo militar dos Cavaleiros do Norte! E que excelentes camaradas eram eles! Todos os furriéis, os que mais de perto se ligavam connosco!! O Flora, o Ribeiro, o Fernandes, o Ricardo, o Carvalho, o Lino, o Graciano e o Gordo, o Lopes, o Belo e o Rabiça, o Capitão e o Cardoso, o Reina e o Guedes!!! Quero crer que não me escapa nenhum.
A noite, comigo de serviço, foi de intensa camaradagem.
Passei pela caserna dos atiradores e, combinado com o Grácio, «ameacei-os» com uma saída operacional às 3,30 horas da manhã! Era mentira! Se eles raciocinassem bem, logo isso veriam, pois nunca as nossas saídas operacionais eram antecipadamente anunciadas.
«Esta noite, furriel?!..», compungiu-se o Soares, que era 1º. cabo e dos mais impertinentes militares do PELREC. Muito intrigado!
Assim seria!, disse eu, «ordens são ordens e estas noites mais sensíveis são sempre perigosas...».
Mas não foi!
Lá para as 11 e tal da noite, o Grácio fez transportar quatro ou cinco grades de cerveja - fresquíssima!!!, e da N´Gola, marca que se lançava por lá... - e logo as beberam os companheiros do PELREC, sabe-se lá com o que (ou quem) as comungando!!! Certamente lembrando folguedos de noites do mesmo dia, em anteriores anos, mas suas terras natais!
O Hipólito e o Dionísio vieram fazer-se passar em frente ao bar de sargentos, onde nós deglutíamos coisa acima da cerveja: whiskys, licores do dito e os inevitáveis brandys Macieira e Vital - este de marca das Caves Primavera, de Águeda, que eu e o Neto fazíamos muita questão de propagandear.
- «Eh furriel, fixe!!!!...», bradou o Hipólito de longe, acenando de mão no ar e com sorriso largo, com,o que querendo dizer-nos obrigado pelas cervejas. E lá foram eles, supondo que teriam de se pôr a pé, lá para as três e tal da madrugada.
Não puseram! Nem o PELREC!
Os furriéis, na maior parte, deixaram-se ficar no bar pela noite dentro, nesta noite de passagem de ano!!!, até à hora da saída do pão, dos fornos da padaria militar, que ficava ao lado da nossa messe, pão quente, com manteiga!!! Que delícia!!! E quantos abusos alcoólicos se cometeram nessa noite!!! Olhem se o inimigo atacava!
Eu, da arma no coldre e granadas defensivas em guarda, lá me aguentei sem cervejas, sem álcool, sem brandys, sem whiskys. E a passar rondas de hora a hora. E cuidar da segurança que se fazia, à corrida de S. Silvestre do Quitexe!
«Ó furriel, então não há nada?!...», perguntou-me o Messejana, que fazia reforço no posto 5. Houve. Houve licor de whiskys e bagaceira, brandy Vital e Macieira. Tudo à medida!!! E pão quente com rojões feitos do porco roubado ao fazendeiro que nos recusou água!
Isto aconteceu faz hoje 36 anos!
Que saudades, oh malta!!