Estão a ver este tipo, com este olhar de gente fina, arguta e malandreca?! É o Brejo!!! O inimitável e grande companheiro Brejo, de Aldeia Viçosa - a mítica "capital" da 2ª. Companhia dos Cavaleiros do Norte!!
O Brejo era a ironia em pessoa, era a piada fácil e solta que se contava, a inteligência e o saber que se desvendavam do seu sotaque alentejano, sempre bem disposto e satírico, com a resposta e o trocadilho sempre na ponta da língua!
O Brejo era inimitável e crítico: sempre crítico, mordaz e multitalentoso no engenheirar de palavras e argumentos para esgrimir em qualquer debate de ideias, em quaisquer incidente que levasse o verbo à discussão, à diferença e à pluralidade de opiniões.
Onde estivesse o Brejo, estava a boa disposição, o bom-humor, a alegria de viver - mesmo que o dia, ou a hora, fossem de dor por um qualquer incidente, uma qualquer diferença ou mágoa, algum desalento, ou constrangimento.
Eu e o Brejo, na verdura entusiasmada dos nossos 22 anos, chegámos a ensaiar uma rábula que seria apresentada numa festa militar em Carmona. Ele à boca do palco, colado ao pano gigante que tapava a cena, girandolando saudades e metáforas, amores e desamores que se sentiam por lá, desembrulhando o cartucho reinvindicativo da tropa (que nem sempre entendia a palavra e a ordem do comando). Ele, de rosto que se fazia Cantinflas, versejando em prosa que se fazia graça. E fazia mesmo!! Pelo ar gingão, pelo talento e pelo dom que tinha de comunicar. Nunca a rábula chegou ao palco.
O Brejo era assim!
Achei-o algumas vezes, pela civil fora. E sei das dores que sente, porque nem sempre tudo corre bem! Mas não se lhe ouve uma amargura! Aceita a vida com a frescura dos que sentem viçosos e confiantes. Ainda hoje lhe senti isso, ao falar-lhe ao telefone.
O manganão chegava do trabalho e não perdeu momento para lamentar este país que somos! Tal qual há 36/37 anos, quando embrulhava a contestação em palavras acesas e fortes. E eu, daqui, a ver-lhe a cara, o esgar rezingão e sério! Mas sempre a brinca(lha)r!!! Sempre igual!!! Abraço forte, ó Brejo!
- BREJO. João António Piteira Brejo, furriel miliciano
atirador de cavalaria, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia
Viçosa. Natural de Montemor-o-Novo e residente em Vale
de Milhaços (Seixal). Trabalha na área da segurança, em Lisboa.
3 comentários:
O BREJO, que saudades deste Camarada Como diz o Viegas, não existia ninguém como Ele. Quem o conheceu como eu posso partilhar essa afirmação, onde o Brejo estivesse,estava a boa disposição a alegria de viver. Como o Brejo, não conheci outro Camarada da maneira de estar e resolver qualquer questão com o comando com os seus argumentos simples de Um Alentejano. Gostava imenso de poder dar um Abraço a este Brejo Alentejano que eu conheci e partilhei como ele a nossa jornada por Angola.
Viegas, perdoa os trocadilhos deste Camarada BREJO - um grande Camarada. 1 FORTE ABRAÇO Brejo, quer te lembres de mim ou não, mas na minha memória tu permaneces como um dos melhores Camaradas.
Caro Camarada Viegas:
Graças ao contacto telefónico que me indicaste do Brejo, estive à um bocado numa longa conversa com este inimitável Cavaleiro do Norte. Falamos um pouco de tudo, mas fiquei satisfeito porque o Brejo em termos linguísticos continua o mesmo como nos tempos da EPC de Santarém e das jornadas de Angola. É sempre um prazer poder ter estes contactos. Obrigado, Viegas.
1 Abraço.
Rodrigues
Zalala
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