Os hoje vulgaríssimos super(hiper)mercados (ou grandes superfícies) que enxameiam o país, como «catedrais de consumo», já existiam em Luanda em 1975. A foto mostra o Jumbo, na estrada de Catete - onde, com o Neto, fui «conhecer» como era, num dia de Agosto desse ano! Impressionei-me!
A ideia, se me lembro bem, era «importada» do Brasil (do Grupo Pão de Açúcar) e, como se vê pelo estacionamento e vultos de pessoas, era bem afreguesado. Muito afreguesado!!! Por perto, ficava a 7ª. Esquadra da PSP e o Bairro Popular 3. Mais à frente, o Campo Militar do Grafanil e Viana!
Coisa que me impressionou, foi a imensidão de artigos expostos para venda: milhares e milhares! Até um stand de automóveis! Era um mundo completamente novo para mim e para quem o visitava. Imenso e deslumbrante. Lembro-me de por lá ficar parado, a ver as pessoas a sair com os carros das compras cheiinhos!... Até pode parecer saloio dizer isto, mas falamos de há 36 anos. No Portugal europeu, ainda não se falava em superfícies comerciais desta dimensão! Lá comprei umas calças castanhas, calças quase à bica de sino e que foram arranjadas pela senhora da loja, pois não apreciava tanta largura na baínha. Foi também por ali que, a 30 de Agosto, fui «perseguido» por um grupo de Pioneiros, crianças/adolescentes armados que formavam o chamado Poder Popular. Foram momentos aflitivos. Ali por perto, uma (ex)sede da FNLA estava parcialmente destruída, depois dos incidentes militares do mês de Julho.
1 comentário:
Já neste tempo, Angola estava à nossa frente cerca de 20 anos, pelo menos. Mas a grande memória que tenho do Jumbo de Luanda foi que no dia 27-7-75, "creio eu", foi numa manhã de domingo que as nossas tropas infligiram um ataque ao aquartelamento do MPLA em Vila Alice junto ao cinema Império. Nessa manhã, fatidica, trágica horrorosa, demos resposta à falta da mesma do Beuro politico do MPLA, ao pedido de entrega dos responsáveis do assassinato, e não ferimento como já aqui foi referido de um alferes miliciano na estrada do Grafanil. Assim, foi disparado não se sabe bem ao certo por quem, um morteiro, ou melhor um morteirete que foi cair no Jumbo exatamente. É caso para dizer que já não bastava ver a superficie comercial Jumbo como tambem a sua nova atração um "morteiro" caido vindo do ceu. Mesmo em frente havia um prédio com cerca de cinco andares com o nome comercial de Eletrolandia e que ficou todo em cinzas e pegado era a PM. Esta estrada de Catete tem muitas histórias.
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