Os SUV em conferência de imprensa, a 6 de Outubro de 1975
O Documento dos Nove foi publicado no Jornal Novo a 7 de Agosto de 1975 e chegou-me às mãos duas semanas depois, enviado pelo Alberto Ferreira - já regressado a Portugal. Era, no fundo, um manifesto de um grupo de militares (nove, daí o nome) contra a corrente política que, ao tempo, levedava em Porugal e da qual nós, lá por Angola, muito pouco sabíamos.
O autor foi principalmente Melo Antunes mas também foi assinado por Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Vítor Alves, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves e Vítor Crespo. Os nomes poucos nos diziam, à excepção do do próprio Melo Antunes, que, jornadeávamos nós por Carmona (Uíge), se deslocara a Luanda (ido de Lisboa) e proferira afirmações que fragilizaram (e bastante) a posição militar dos Cavaleiros do Norte.
Afirmações que desagradaram aos responsáveis da FNLA, que eram a força maioritária da província do Uíge. E que sustos apanhámos nós, por isso. E que ameaças tivemos, os Cavaleiros do Norte.
Tinha passado os olhos pelo manifesto publicado no Jornal Novo, em Lisboa, quando o recebi (enviado pelo Ferreira) mas desistira da leitura - por, pela minha medida daquele tempo, ser muito extenso e pesado. Mas fui lê-lo, quando se soube que, na Unidade, circulava um abaixo-assinado, justamento do Documento dos Nove. Associei a leitura às informações do Ferreira: expectro de guerra civil em Portugal, manifesfações atrás de manifestações, anarquia, forças armadas divididas e incapazes de manter a ordem pública, a criação dos SUV (uma organização de classe no interior das FA) e boatos atrás de boatos sobre golpes e contra-golpes. «Isto está insuportável, nõa se sabe o que vai acontecer...», dizia-me o (ex-cabo especialista da Força Aérea), em carta de 16 de Agosto de 1975, que acabei de reler.
Tinha passado os olhos pelo manifesto publicado no Jornal Novo, em Lisboa, quando o recebi (enviado pelo Ferreira) mas desistira da leitura - por, pela minha medida daquele tempo, ser muito extenso e pesado. Mas fui lê-lo, quando se soube que, na Unidade, circulava um abaixo-assinado, justamento do Documento dos Nove. Associei a leitura às informações do Ferreira: expectro de guerra civil em Portugal, manifesfações atrás de manifestações, anarquia, forças armadas divididas e incapazes de manter a ordem pública, a criação dos SUV (uma organização de classe no interior das FA) e boatos atrás de boatos sobre golpes e contra-golpes. «Isto está insuportável, nõa se sabe o que vai acontecer...», dizia-me o (ex-cabo especialista da Força Aérea), em carta de 16 de Agosto de 1975, que acabei de reler.
O clima de insegurança desestabilizava toda a sociedade civil e os militares, divididos e quiça excessivamenet politizados, manifestavam-se incapazes de assimilar as contradições de um pais que se fazia de novo.
O Documento dos Nove rejeitava «o modelo de sociedade socialista tipo europeu-oriental" e também a sociedade social-democrata, de alguns países da Europa Ocidental. Propunha, antes, um modelo socialista estreitamente ligado à democracia política. Linguagem que, na verdade, era excessivamente densa e impercebível ao nosso conhecimento. Estou em crer que toda a guarnição o assinou.
- SUV. Soldados Unidos Vencerão, organização de classe, dentro das Forças Armadas, em 1975. Apresentaram-se encapuzados, em conferência de imprensa (foto). Ver AQUI
- FERREIRA. Alberto Fernando Dias Ferreira, cabo especialista da Força Aérea, em Luanda. Na altura, já na disponibilidade. Natural de Fermentelos (Águeda), já falecido,
Sem comentários:
Enviar um comentário