Cabrita e Viegas, em 1974 (Quitexe, em baixo) e Agosto de 2011 (baía de Cascais)
Há dias, reencontrei-me com o «sô» Cabrita. Estava eu ali a dois passos do habitual pouso dele, na baía de Cascais, passava pela hora do almoço e nada melhor que telefonar-lhe. Reconheceu-me logo, minutos depois já estávamos juntos e tagarelámos sobre o Quitexe e a tropa. Conversa fatal como o destino...
O «sô» Cabrita era, seguramente, o militar mais genuíno da guarnição dos Cavaleiros do Norte, no Quitexe. Sem especialidade, sem entrar nas escalas de serviço, sem se incomodar com cousa alguma, passeava-se pelo aquartelamento e pousava muitas vezes na casa dos furriéis, de quem era uma espécie de impedido. Digo eu!!! Mas um «impedido» sempre desimpedido, sempre disponível para tudo.
A vida do Quitexe levou-me a ser o «escrevinhador» oficial do namoro que então fez com a (ainda hoje) mulher dele, em confidências que me tornavam escravo da minha palavra com ele. Eu tinha de ouvi-lo, desenhar no papel as letras da paixão que me descrevia e ser-lhe fiel e confessor. Depois, 20 anos depois, quis conhecer-me a mulher de Cabrita, como (AQUI) já descrevi. E tempo houve em que o «sô» Cabrita me procurou, através de um programa da SIC.
Agora, neste verão que corre de 2011, falámos e passeámos pela baixa de Cascais, narrando intimidades familiares e evocando os tempos saudosos de 1974 e 1975, quando jornadeámos, jovens e ambiciosos, por terras do Uíge angolano.
Esta bem de vida, o «sô» Cabrita, fazendo vésperas para a reforma e continuando pescador no mar de Cascais.
«Doem -me as pernas, já não me seguro bem no barco.., ando nisto há 40 anos anos, sô Viegas...», disse-me ele, explicando-me o desejo de antecipação da reforma.
Isto, é a pesca!!! Ser dono de uma barco, era, em 1974, a sua maior ambição. Dono e arrais. Para isso, precisava do exame da 4ª. classe. Por isso, andou nas aulas regimentais e lá o fez.
Aquilo é que eram tempos, «sô» Cabrita. E lembra-se das semanas de Luanda?. O «sô» Cabrita lembrava-se muito bem.
Aquilo é que eram tempos, «sô» Cabrita. E lembra-se das semanas de Luanda?. O «sô» Cabrita lembrava-se muito bem.
«Aquilo foi bravo!..., mas voltámos todos...», disse-ele, com o imperdível sotaque algarvio a cantarolar-lhe as palavras, rasgando o sorriso, quase de orelha a orelha, feliz, feliz, feliz..., mas sempre tímido e confiante. Era assim o «sô» Cabrita. É assim!
1 comentário:
Olá amigo Viegas.
Ao ler e ver aqui algo do Sr .Cabrita até os meus olhos ficam umidos pela saudade de tanta coisa boa que foi transmitida por mim e por ti para que o n/basico Hoje É uma pessoa de H grande.
Quando estiver contigo quero o telefone dele para poder entrar em contcto com ele.
FRancisco Neto
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