A largada foi para lá de Moimenta da Beira, até Penude (em 1973).
Mota Viana (em 2012)
Trago aqui, a esta memória dos Cavaleiros do Norte, a figura de um companheiro de Lamego, que a vida depois levou a Angola, no 8423: o Mota Viana.
Na noite de um sábado para domingo de Julho de 1973, foi a famosa largada. A do do 2º. curso de operações especiais desse ano, em Lamego. Fomos todos de olhos vendados e mãos amarradas nas costas, em viaturas militares, desde Penude e até Moimenta da Beira, e descarregados no mato para lá da vila.
Sempre fui desenrascado nestas coisas e consegui desamarrar as mãos, ainda no quartel, o que me permitiu deslocar a venda e, mesmo de noite, criar orientações. Voltei a amarrá-las e, quando fui «largado», apesar de ameaçado de que estava num talude íngreme, deixei arrancar a viatura e calmamente tirei a venda e logo apanhei o caminho e fui ajudar outros companheiros da prova.
Era noite, bem de noite e muito escura, para aí uma duas horas da manhã e andavam por ali, aos gritos e à procura de destino, muitos dos militares largado. Um deles era o Mota Viana. Quiçá, de todos nós, quem menos gostava da tropa.
Orientámo-nos em grupos, até Moimenta e, aqui, fomos à GNR, que nos indicou o caminho de Lamego. Não havia placas, ou não as vimos. Fizemos um grupo de 5 ou 6 e fomos caminhando, caminhando... Doía-nos o corpo, cansavam-se-nos os pés e alguns deles já tinham bolhas, pelo que foi penosa a caminhada. Ao alvorecer, numa aldeia de Ferreirim, o grupo já estava limitado a mim, ao Mota Viana, ao Zacarias e ao Gonçalves. A fome foi morta pela generosidade de uma família que saía para a missa das 7 horas e seguimos viagem. Em Ferreirim, fartos da caminhada, lembrou-se o Mota Viana de «arranjar um carro». E houve a tentação de uma ligação directa num Carocha estacionado na rua. Desistimos..., seguindo a caminhada pela estrada de asfalto, quando a devíamos fazer pelos matos. Foi quando arranjámos boleia, antes de Britiande e poupámos uns bons quilómetros, já que o homem da carrinha de caixa aberta nos foi levar ao monte, entre Cepões e Penude - muito perto de um posto de controle, à ponte do rio Balsemão - de onde subíamos para o quartel.
O Mota Viana, por qualquer razão, não concluiu o curso, foi atirador de cavalaria e Cavaleiro do Norte de Zalala, na 1ª. CCAV. 8423.
Ver AQUI
- MOTA VIANA. Fernando Manuel da Mota Viana, furriel miliciano atirador de cavalaria. Natural e residente em Braga, onde é comercial do sector gráfico.
- ZACARIAS. Zacarias Rosário Ramos. De Ovar, foi furriel miliciano de Operações Especiais na Guiné.
- GONÇALVES. Joaquim Ferreira Gonçalves. De Chaves, foi furriel miliciano de Operações Especiais na Guiné.
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