Nota de 1000$00 de Angola (1000 angolares). Nota-se a imagem do Almirante Américo Tomaz, Presidente da República a 25 de Abril de 1974
Os últimos meses da Angola de administração portuguesa foram de florescente crescimento do mercado negro cambial. Os escudos angolanos (os angolares) não tinham cotação em Lisboa e quem tinha deste dinheiro (os residentes angolanos) procurava trocá-lo na baixa de Luanda, normalmente com militares: uns em câmbio directo; outros, dando angolares em Luanda, para receberem escudos em Portugal.
As transacções chegavam a atingir números verdaeoraete astronómicos: um angolar podia «valer» três, quatro, cinco, dez, cem vezes mais. Era câmbio directo.
Arranjar escudos de Portugal era, na realidade, absolutamente, vital para muita gente. E quem os tinham eram os militares. E eram os civis a quererem «comprar» o dinheiro, não se importando de dar o que lhes fosse pedido. Ou importanto, mas sem isso lhes valer alguma coisa. Na verdade, mais valia ter um conto de reis (mil escudos) em moeda do Banco de Portugal que um milhão em notas do Banco de Angola - os tais angolares.
Algumas vezes resisti à tentação de «negociar» esse dinheiro e, pelo menos por uma, tive sério inconveniente com um civil - que, perto da Portugália, a todo custo queria trocar dinheiro. Chegou a esboçar uma agressão, à mistura com o chamamento de nomes que não honrariam minha mãe e mulher (se a tivesse). Compreende-se: era o desespero de quem se sentiam abandonado e procurava trazer no bolso alguma da riqueza que por lá teria feito. As notas do Banco de Portugal eram a sua melhor bagagem.
1 comentário:
Sei bem o que isso foi.
Os últimos dias de Angola, sob a bandeira portuguesa.Como as pessoas, trocavam alhos por bogalhos.Como se da salvação se trata-se.A independência ,dada há pressa, sem salvaguardar, o que fosse de bom, quer para quem recebia a sua independência , bem como os que dela não fizeram parte e foi, o que se viu, durante 35 anos.Todos perderam ,alguma coisa- ManPinto
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