quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Os dias das Viana´s, aos 10 de Agosto....

Carlos Sucena e Gilberto Marques (amigos aguedenses) e furriéis Viegas e Neto, em Viana de Angola (a 10 de Agosto de 1975)

A 10 de Agosto de 1975, na casa angolana de Manuel Cruz, em  Viana, «emprestada» por Gilberto Marques, juntaram-se quatro amigos de Águeda: para uma mariscada. As dificuldades de alimentação eram evidentes (como por aqui já dissemos) e nada melhor que a solidariedade e a mão dada de quem por lá bem conhecia os caminhos e ementas: o Gilberto.
O dia era domingueiro e tinha sido passado a laurear o queijo pelas praias da ilha de Luanda, com o Albano Resende, com almoço mesmo assim refastelado no Amazonas, visitas apressadas a alguns conterrâneos civis -  os outros Resendes, o Zé Martinho (na PSP, estava de serviço), a Cândida, e um momento de reflexão e oração no cemitério de Catete, junto à campa da Zé da Rita - que eu não conheci e deixou viúva Bernardete, ainda hoje minha vizinha e amiga.
Eu não sabia, mas nesse mesmo dia, indo e estando eu na Viana da Angola, estava a ser tio do meu terceiro sobrinho: a Marta. Que nascia em outra Viana. A do Castelo. Soube dias depois, por aerograma da minha irmã Ana Maria - a mãe!
O dia da Viana angolana, melhor... a noite, foi de festa e comezaima na casa de Manuel Cruz, nesse 10 de Agosto de 1975. Noite bem regada de cerveja e com os entusiasmos juvenis de quem, aos 22 anos - e gente como nós!!!!, irreverente, ambiciosa e com sentido de missão cumprida!!! -, esperava o passar dos dias para abandonar a guerra e regressar aos chão das suas terras e aos colos dos seus afectos familiares.
Luanda explodia, por esse tempo: as noites (mesmo os dias) medravam em ambientes pesadíssimos e envolvidos pelos sons de tiroteios dispersos e do deflagrar isolado de granadas e morteiros. Era muito vulgar ouvirem-se rajadas nocturnas e levedava o medo de circular pelas ruas. O estrondo das granadas ou os tiroteios de armas automáticas enlutavam os medos que cresciam e a tropa não era tida em boa conta - acusada, pelo povo europeu, de apoiar o MPLA.
«O que é que isto vai dar?...», era pergunta, repetida e sem resposta, dos civis mais próximos de nós. Muitos deles a decidirem-se já pelo que não imaginariam semanas antes: regressar a Portugal. O êxodo! O êxodo que viríamos a conhecer como movimento dos retornados. 

3 comentários:

Anónimo disse...

já se passaram tantos 10 de agosto....... e se o tempo andasse para trás?
Maria Sameiro Pinheiro

Anónimo disse...

Tio:

Mas que surpresa!
Adorei. Mesmo.

Bjs,
Marta

Anónimo disse...

Tio:

Mas que surpresa!
Adorei. Mesmo.

Bjs,
Marta