segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

1 102 - Os tempos do Quitexe, Santa Isabel, Quiximba e Zalala...



O restaurante Topete (amarelo) e a casa do sr. Guedes (verde)
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A. CASAL DA FONSECA
CCS da BCAÇ. 3879


Ontem tive a agradável surpresa de rever o meu amigo Ferreira! Não nos víamos desde o fatídico 30 de Maio de 1974, data que recordo com grande mágoa – perdemos dois amigos, então no MVL, em circunstâncias que aqui não quero e nem devo pormenorizar! 
Por ironia do destino, reencontrámo-nos num hospital, ambos de visita a amigos. Éramos (e somos) amigos desde os tempos da recruta e pelo Quitexe nos encontrámos algumas vezes, pousando quase sempre no Topete ou no Pacheco.

Fazia-lhe uma grande confusão a forma descontraída como conseguíamos viver em paz no meio de tanta “chicalhada”, já que, segundo constava, nas Companhias operacionais, os nossos passos eram todos vigiados! 
Puro exagero! 
Por esse motivo, muitos afirmavam preferir Santa Isabel ou Zalala, onde existiria um espírito de maior camaradagem e sã convivência, até mesmo com os Comandantes de Companhia, que eram milicianos! Não sei se seria exactamente assim, e até nem era o que constava na CCS, onde chegava todo o tipo de informação – no caso vinda de Santa Isabel e depois Quiximba! Direi até, seguramente, que as coisas não corriam assim tão bem e até houve lugar a abusos por parte de quem comandava! Abusos que foram muito comentados e condenados, e que na altura terá sido necessária a intervenção do Comandante de Batalhão! Falava-se em prepotência, intolerância e falta de formação! Cada um opinava a seu jeito! Por outro lado, falava-se também em indisciplina grosseira de um ou outro elemento que, em vez de dar entrada na secretaria, era resolvida de forma arcaica!

O que eu sei, seguramente, é que certo dia o capitão terá acorrentado um militar a uma palmeira, o que originou a sua presença no Comando, a fim de se justificar! O boato que corria dava conta de uma atitude ainda mais brutal, mas foi imediatamente desmentido. Foi um acto considerado, e bem, inqualificável que passou impune à vertente disciplinar, mas que causou muito embaraço ao Comandante de Batalhão, que nutria por ele uma grande admiração! Dizia-se à boca cheia que apadrinhava o novato capitão, o que não era mentira nenhuma! Talvez por isso mesmo tenha um dia, na rua de baixo, no Quitexe, tentado desrespeitar o “velhinho” capitão da CCS! Saiu-se mal…, muito mal mesmo! O nosso “velhinho” capitão mostrou-lhe com quantos paus se fazia uma canoa e tê-lo-á deixado sem reacção! Afinal, a velhice era um posto!...

E de tudo isto não se esqueceram alguns que, passados 37 anos, não só não digeriram algumas atitudes de quem os comandava, como o fizeram sentir, ao próprio, num almoço/convívio! E, brade-se aos Céus e a todos os santos que por lá estarão a olhar por nós, as coisas só não chegaram a vias de facto porque…, porque não calhou!...

Afinal, o que se terá passado de tão grave que ainda não acalmou uma exaltação de 37 anos?!

Vamos lá com calma, rapaziada, recordem o que de bom tivemos por terras angolanas e que a sexagenaridade seja uma arma para esquecer (ou perdoar) as coisas más e ainda não digeridas! Já é tempo!!!
ACF

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