quinta-feira, 9 de abril de 2009

A partida e chegada a Angola...

O dia 29 de Maio de 1974 foi de chuva intensa, em Lisboa! E de grande ansiedade. No aeroporto, muitos de nós se estreavam em viagens de avião. E que estreia!! Para a guerra, quando Abril tinha acontecido mês e pouco antes e toda a gente pensava (e dizia) que nem mais um soldado iria para o ultramar. Mas fomos!! Era uma quinta-feira e, depois de uma falsa partida de dois dias antes, lá voámos nós no avião dos Transportes Aéreos Militares - os TAM.
Luanda recebeu-nos no alvorecer, com um calor imenso!!! E muita sede! Não gostei da primeira cerveja que bebi - uma Cuca. Achei-a leve, leve de mais e sem sabor!!! Bebida a correr, antes de saltarmos para as Berliets que nos levaram para o Grafanil, onde nos esperaram alguns dias de adaptação ao clima, aos cheiros e às gentes de Angola.
O comando do batalhão era o então tenente-coronel Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito. Sem segundo comandante! O capitão António Martins Oliveira era o comandante da Companhia de Comando e Serviços - a CCS.
Nesse dia de calor e suores novos, ainda fui a correr, a uma unidade ao lado - onde estaria o Custódio, conterrâneo de Óis da Ribeira. Só o encontraria no sábado. Fui à procura de Albano Resende, outro conterrâneo - a trabalhar e viver em Luanda, com dois irmãos, o José Bernardino e o Manuel. Achei a namorada deste, numa retrosaria da baixa de Luanda. Jantei no Amazonas, a olhar da magia do nascer da noite africana espelhada na baía! Deslumbrado!!! E fui dormir ao Grafanil!
Foto tirada na primeira viagem
a Carmona, Julho de 1974



1 comentário:

Anónimo disse...

O dia 29 de Maio de 1974 também foi um dia de chuva intensa na Zona de Ambrizete. Nesse dia parti para uma operação de dois dias e nunca tinha apanhado tanta água num dia só. Não gostei das rajadas de metralhadora que ouvi bem perto. Já tinha acabado o meu tempo e aquilo não tinha piada.Á mais de quatro horas que o guia nos afiançava que o rio era já ali! Começámos a desconfiar dele e desviámo-nos da rota traçada. Não sei se não terá sido a nossa sorte!
Dormi a noite numa vala para maior protecção e acordei de madrugada com a água a passar por mim. Estávamos a 30 de Maio e o dia veio abrasador, com a água a escassear. Um dos meus cantis foi direitinho para o Alferes Gama que já arrojava as botas e teimava em ajudar o parceiro. Caguinchas mas bom rapaz! Tempos!...
A. Casal