a 14 de Junho de 1974
O meu primeiro serviço, à ordem (como se dizia), foi a 14 de Junho de 1974: sargento de dia à CCS. Não vou dizer que encarei a missão com total serenidade e como exemplo de coragem. Não foi assim.
Preventivamente, digamos, tinha dois dias antes e por algumas horas, acompanhado o Neto, que se estreara na tarefa - além das coordenações do dia (dirigidas pelo oficial de dia, tenho ideia que o alferes Sampaio), também rondar os controlos dos postos de vigia da vila Quitexe. Eram vários e isolados, um deles a mais de um quilómetro, numa zona com um imenso ananasal.
Sabem o que é caminhar na noite, de arma aperrada, e ver, ao longe, uma mancha enorme, a parecer ondas do mar? Ondas que eram o campo de ananases, a perder-se de vista e de onde adivinhávamos perigos? Tudo isto era um mistério para para nós, na noite quente de uma Angola de desafios que ainda não conhecíamos bem?! Isto era um galgar de metros atrás de metros, de olhos abertos a sair das órbitas, como que querendo ver o que não queríamos, num tempo em que cada som é um medo que nos medra na alma! Lá fui eu, com dois soldados, o Marcos e o António, dois companheiros de muitas missões pelos trilhos e picadas da terra vermelha Angola! Correu bem, essa noite de «aventuras» e medos, e fomos comer pão quente com manteiga, para a padaria!
O dia nasceu de um momento para o outro, como quem abre uma cortina do quarto. Ficámos espantados! Os dias que passavam, na verdade e a cada dia, desenhavam-nos os mistérios e feitiços de uma Angola que nos iria apaixonar! Até hoje!
O furriel Rocha (Nelson dos Remédios da Silva Rocha), de
transmissões, natural de Gaia. Há pouco tempo, era técnico
de vendas e com ele me encontrei várias vezes!
2 comentários:
Bons tempos, para fotografias destas...
Bela descrição do medo. Bela, ou nem por isso.
Abraços
António Augusto
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