Boas-vindas em Zalala, a mais rude escola de guerra
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ANTÓNIO CASAL DA FONSECA
Texto
«Bem-vindos a Zalala, a mais rude escola de guerra!». Li isto, pela primeira vez em 1969, quando recebi a primeira missiva de meu irmão que por lá (Zalala) fez “férias”! Há dias, e porque as conversas são como as cerejas, vieram à baila os tempos de Angola e os momentos que cada um penou!
Quando eu pensava que tinha sido um herói e sofredor em defesa da Pátria, eis que me “esfrega” na cara meia dúzia de pastas onde tem arquivados todos os relatórios das operações que comandou! Tudo pormenorizado, com anotações pessoais da época e tudo!
E eu a pensar que tinha feito grandes coisas, ao relatar as minhas escoltas, protecções ao pessoal da JAEA e as poucas operações em que participe com o PELREC e Pelotão de Morteiros! Concluo que o meu currículo militar não tem nada de extraordinário, afinal não tem história! Só a minha, alguma bem guardada e outra que aqui desfio com a malta que passou por Quitexe e arredores!
Claro que visitei Zalala logo nos primeiros dias de Quitexe, aguçado pela curiosidade em saber por onde tinha andado o meu irmão e tentar colar um pouco o teor das cartas, ao terreno. Não consegui colar coisa nenhuma, tão abismal era a diferença entre a imaginação que eu mesmo construíra, e a verdade verdadinha! Não tinha nada a ver!
Lá estava a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, a quem muitos recorreram em momentos de aflição, e a tal frase de recepção aos maçaricos. Do resto, pouco ou nada me ficou na memória, tão curta foi a minha estadia. Oportunidades de lá voltar não me faltaram, vontade também não, mas…não estava para ali virado.
Não era por nada, mas pensava eu: Espera lá, se te há-de acontecer alguma coisa quando a Pátria mais precisa de ti, é melhor estares quieto! Se não pensava exactamente isto…pensava coisa parecida! Bom, adiante!...
Dizes tu que pintaram a frase que dava as boas-vindas, em Zalala, aquela bem escarrapachada no muro?! Descaracterizaram Zalala!, quando estiver com o teu vizinho Macedo vou dar-lhe a novidade!, disse-me, com cara (apenas cara) de espantado, como se tencionasse voltar e ver o muro como antes!
Espantado fiquei, também, por o vizinho aqui do lado também ter batido com os costados em Zalala! Quase se fazia uma excursão ao Quitexe, Santa Isabel, Aldeia Viçosa e Zalala, só com malta aqui da aldeia! Quanto mais não fosse, para voltar a pintar o muro, mas só para a fotografia!
A. CASAL DA FONSECA
BCAÇ. 3879
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