Martins e Casal, da CCS do BCAÇ. 3879, no Quitexe
O dia que antecedeu a nossa partida do Quitexe, foi para despedidas e fotos, ora com amigos civis, ora com companheiros, no jardim da vila.
Sentado ao meu lado direito, está o Martins, operador de mensagens, que esteve sempre envolto em polémicas, desde o dia em que assentou arraiais no Quitexe, até ao dia da partida. Não era, nem é, mau rapaz, não senhor, mas a sua infância e juventude foram demasiado madrastas, com tudo o que isso viria a acarretar, até na vida militar! No entanto, era exímio na sua especialidade e extremamente educado no trato com todos. Leal, mesmo, e com grande sentido de companheirismo.
O problema dele era, também, o problema de outros…de muitos – um praça ganhava pouco e não dava para loucuras! Pois é, mas o Martins trazia hábitos faustosos lá do Cais do Sodré! Noitadas, boa vida e alguns etcs. que me escuso de aqui referir, ao tempo tão ousados e até chocantes para um provinciano, como era o meu caso! Enganou-se quem pensou que a sua vida, no Quitexe, iria ser monótona, sem mordomias e longe do que estava habituado! O Martins engendrou esquemas que não passariam pela cabeça do mais imaginativo, obtendo conhecimentos e assim alargando o seu leque de negócios, principalmente na área dos combustíveis! Mas o que é que um operador de mensagens tinha a ver com combustíveis?!, será legítimo perguntar! Nada, mas o certo é que, quase num toque de mágica, o Martins auto-promoveu-se a empresário de sucesso! Quem diria?! Ele que nunca trabalhara, realmente, na vida civil, mostrava finalmente o que valia!
Mas os últimos negócios não correram da melhor forma e ficou a ver os pagamentos por um canudo! E quem estava a vê-los, os pagamentos, também por um canudo, eram os proprietários dos bares Topete e Pacheco, que foram dar com a língua nos dentes para o Comando! Ai, ai..., se eles abdicavam das contas dos bifinhos com batas fritas e ovo a cavalo, dos frangos devorados com cerveja e dos camarões acompanhados com vinho verde, em grandes noitadas! O Martins, que sempre pagara as suas contas, desta feita viu alguns “amigos” virarem-lhe as costas! E agora?!...
Mas lá houve uma alminha caridosa que lhe adiantou o dinheiro, tipo troika mas sem juros, para que o Martins pudesse respirar fundo e levar a vida para a frente, noutras paragens. E levou, mas exactamente igual à do Quitexe, direi até mais atribulada, mas com outros “sócios”, alguns, fazendeiros ambrizetanos!
No final da comissão, a cena viria a repetir-se, mas com contornos ainda mais complicados! Que se resolveram, com toque daqui, toque dali, também com uma cunha pelo meio, para não perder o voo que o levaria ao aconchego dos amigos – a sua única família! Chorou baba e ranho, desesperou mas conseguiu enfiar-se no avião!
Agora, o que me causa estranheza, e até me dá vontade de rir, é o facto de os ditos negócios, quitexanos e ambrizetanos, por falta de equidade na distribuição dos lucros (refere o queixoso), terem sido entregues a um advogado, quase dois anos depois da passagem à disponibilidade! Então o 1º. cabo «gasolinas» foi meter o sócio e amigo 1º. cabo Martins nas barras dos tribunais por causa dos “negócios” de combustíveis, e outros?! Dos tempos da tropa?! C’um raio, só podiam ser grandes negócios! Parece de doidos! Dá para embasbacar!
E 37 anos depois continuam de costas voltadas por causa das contas da gasolineira! Isto não faz sentido! Ou eu estou a ver mal a coisa?!
Agora, interrogo-me eu do alto da minha ingenuidade e ignorância! Mas então, o Martins e o “gasolinas” tinham alguma empresa de distribuição de combustíveis, e outros, enquanto militares?! As coisas que eu desconhecia!
Talvez mo esclareçam quando, e se, eu conseguir a proeza de os juntar à mesa, com os filhos e netos de ambos! Nunca se sabe!!!
ANTÓNIO CASAL DA FONSECA
CCS da BCAÇ. 3879
3 comentários:
Os dois até vendiam o aquartelamento se existissem interessados...
Mas não eram só esses...
Havia muitos mais!
Histórias engraçadas e bons tempos amigos!
ManPinto
Até pneus e respectivas jantes das Mercedes apareciam a equipar idênticas viauras de certas fazendas!
Desculpas para o desaparecimento: foi na emboscada na picada do Zalala ou do Liberato ou...(o pneu de socorro geralmente andava solto na viatura)
Zé-di-lá
eu,ate fiquei sem jeito ao ler estes negocios de combustiveis que se faziam,tanto no Quitexe como em Ambrizete.Quanto ao gazolinas,nao me admira nada,pois ele e que era o dono da bomba e o Martins era de Lisboa..... eu era do Minho,vivi uma boa vida,tenha saudades da camaradagem,do Topeto,da Madrinha,mas tudo passa e ainda bem que assim fui,um abraço para todos que lerem este comentario
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