quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

1 111 - A consoada de Natal dos Cavaleiros de Vista Alegre

Noite de consoada de Natal em Vista Alegre, a da 1ª. CCAV. 8423 (1974)


A Noite de Natal de 1974, a da 1ª. CCAV. 8423, foi vivida em Vista Alegre. Era a primeira vez que a maioria da guarnição ia passar a consoada fora da família. 
O bacalhau era produto de luxo para as ementas diárias mas tinha de ser incluído nesse dia, por tradição. Assim como o vinho (outro  produto de luxo) e restantes alimentos da época, para que não faltasse nada nessa noite. 
Estava tudo ok para fazer uma ceia de Natal. 
Faltava o bolo-rei. Que não existia por aquelas bandas, mas havia em Luanda, na Intendência. Toca, então, a pedir autorização ao capitão Castro Dias para ceder uma viatura. 
Resposta: "Nem pensar...»
Matutou o Rodrigues - que fazia de vago-mestre - e, teimoso, insistiu com o capitão para ir a Luanda, por sua conta e risco. Foram autorizados os malucos do costume e lá foram o Rodrigues e o Queirós, à boleia, para a estrada do café. 
A primeira viatura que parou só tinha um lugar, foi o Queirós, depois de combinado o ponto de encontro. Ficou o Rodrigues à espera de outra boleia, só apanhada ao fim de algumas horas.
«Nunca mais me esqueço porque fiz a viagem durante a noite e o condutor tirou os sapatos, o que estranhei. Perguntei-lhe  e ele disse-me que conduzir descalço durante a noite não traz tanto sono, porque magoa os pés e isso afasta o sono», explicou o Rodrigues. 
Lá se encontrou com o Queirós em Luanda, onde arranjaram o bolo-rei que puderam transportar em cada uma das mãos.
O desafio seguinte era maior, era regressar. «Conseguimos uma boleia sobre a carga de um camião que ia para Carmona, e assim fizemos a viagem de Luanda a Vista Alegre, com mais de 400 kms. no pêlo pela ida e volta», recorda o Rodrigues. 
A dupla do bolo-rei chegou mesmo à queima da consoada, já era noite. O bacalhau, as batatas e as hortaliças já estavam prontas na cozinha e o pessoal preparado para a noite de consoada, mas toda a gente aguardou confiante  que ia aparecer com o bolo-rei para celebrar a consoada. Felizmente assim aconteceu. 


1 comentário:

Anónimo disse...

Foi um bom natal em
conformidade com a
situação da altura!
ManPinto