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A. CASAL DA FONSECA
CCS da BCAÇ. 3879
A. CASAL DA FONSECA
CCS da BCAÇ. 3879
Ontem tive a agradável surpresa de rever o meu amigo
Ferreira! Não nos víamos desde o fatídico 30 de Maio de 1974, data que recordo
com grande mágoa – perdemos dois amigos, então no MVL, em circunstâncias que
aqui não quero e nem devo pormenorizar!
Por ironia do destino, reencontrámo-nos
num hospital, ambos de visita a amigos. Éramos (e somos) amigos desde os tempos
da recruta e pelo Quitexe nos encontrámos algumas vezes, pousando quase sempre
no Topete ou no Pacheco.
Fazia-lhe uma grande confusão a forma descontraída como
conseguíamos viver em paz no meio de tanta “chicalhada”, já que, segundo
constava, nas Companhias operacionais, os nossos passos eram todos vigiados!
Puro
exagero!
Por esse motivo, muitos afirmavam preferir Santa Isabel ou Zalala, onde
existiria um espírito de maior camaradagem e sã convivência, até mesmo com os
Comandantes de Companhia, que eram milicianos! Não sei se seria exactamente
assim, e até nem era o que constava na CCS, onde chegava todo o tipo de
informação – no caso vinda de Santa Isabel e depois Quiximba! Direi até,
seguramente, que as coisas não corriam assim tão bem e até houve lugar a abusos
por parte de quem comandava! Abusos que foram muito comentados e condenados, e
que na altura terá sido necessária a intervenção do Comandante de Batalhão!
Falava-se em prepotência, intolerância e falta de formação! Cada um opinava a
seu jeito! Por outro lado, falava-se também em indisciplina grosseira de um ou
outro elemento que, em vez de dar entrada na secretaria, era resolvida de forma
arcaica!
O que eu sei, seguramente, é que certo dia o capitão terá
acorrentado um militar a uma palmeira, o que originou a sua presença no Comando,
a fim de se justificar! O boato que corria dava conta de uma atitude ainda mais
brutal, mas foi imediatamente desmentido. Foi um acto considerado, e bem,
inqualificável que passou impune à vertente disciplinar, mas que causou muito
embaraço ao Comandante de Batalhão, que nutria por ele uma grande admiração!
Dizia-se à boca cheia que apadrinhava o novato capitão, o que não era mentira
nenhuma! Talvez por isso mesmo tenha um dia, na rua de baixo, no Quitexe,
tentado desrespeitar o “velhinho” capitão da CCS! Saiu-se mal…, muito mal mesmo! O
nosso “velhinho” capitão mostrou-lhe com quantos paus se fazia uma canoa e
tê-lo-á deixado sem reacção! Afinal, a velhice era um
posto!...
E de tudo isto não se esqueceram alguns que, passados 37
anos, não só não digeriram algumas atitudes de quem os comandava, como o fizeram
sentir, ao próprio, num almoço/convívio! E, brade-se aos Céus e a todos os santos que por lá estarão a olhar por nós, as coisas só não chegaram a vias de
facto porque…, porque não calhou!...
Afinal, o que se terá passado de tão grave que ainda não
acalmou uma exaltação de 37 anos?!
ACF
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