terça-feira, 6 de março de 2012

1 195 - O Macedo do MVL e os militares castigados...


Camiões do Movimento de Viaturas de Logística (MVL)
 abasteciam os aquartelamentos do norte de Angola

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ANTÓNIO CASAL DA FONSECA
Texto

Aí pelos idos dias de Janeiro/Fevereiro de 1973, estacionou o MVL em terras do Quitexe. Ali esteve cerca de duas horas, tempo suficiente para o pessoal degustar a boa comida nos bares da vila. Quase se esgotou a lotação do Topete e do Pacheco e até a cantina dos praças.

O MVL era comandado por um alferes, alto, esguio e com a walter pendurada à cintura, à cowboy. A cara não me era estranha, embora “disfarçado” com óculos rayban, o que me levou a aproximar-me.

«Macedo…, o que é que andas aqui a fazer,  pá?!...», perguntei-lhe eu, ali em frente à secretaria, onde se iria apresentar e falar com quem devia.

Abancámos no Pacheco onde, para não fugir à regra, nos regalámos com o tradicional bife com batatas e ovo, enquanto desfiávamos o bom e o mau da nossa estadia em Angola. Ele estava bem pior que eu, tantas eram as chatices em que se via envolvido sempre que saíam. Tinha alguma dificuldade em controlar todo o pessoal, pelo facto de haver ali meia dúzia de homens com problemas disciplinares e que contaminavam outros!

E foi o que aconteceu no Quitexe! Copos a mais, algazarra e alguns pequenos distúrbios não passaram despercebidos ao comandante, que de imediato mandou chamar o alferes.

E lá foi o Macedo, ainda mal almoçado e já a adivinhar as chatices que o esperavam. Ele, que tudo fazia para controlar o pessoal pela via do diálogo, viu-se forçado a fazer duas participações!
«Tive pena pá, eram dois gajos que nunca tinham causado problemas, mas puseram-me entre a espada e a parede!...», dizia-me ele passados alguns meses, quando o reencontrei, por mero acaso, também e ainda no MVL, mas em Ambrizete.

Reencontrei e lá fomos de novo, não almoçar porque a hora era tardia, mas deliciarmo-nos com marisco que nos era servido, quase de borla, no Brinca n’Areia.

 E pescado, devo dizer, pelos soldados Damião (o” Peniche”), ao tempo pescador de profissão, e o Palma, que nas horas vagas trabalhavam para o proprietário da embarcação e do bar!

Também este quase esgotou a lotação, a exemplo dos do Quitexe, mas desta vez sem os incidentes provocados pelo álcool! Melhor dizendo, por quem o bebia sem regra!
ACF

3 comentários:

Anónimo disse...

aro Camarada Viegas:
Antes de mais os meus cumprimentos. Sou já seu conhecido por
ter feito alguns comentários sobre o V/Blogue,"Cavaleiros do Norte". O meu nome é Octávio Botelho, sou Sarg.Aj.Art,na Reforma e prestei serviço em 1965/67, integrado na CArt
785/BArt 786-RAP-2, que prestou serviço no Subsector do Quitexe e nas fazendas Liberato e Stª.Isabel. Venho pelo presente rectificar a designação que deu ao "MVL",como movimento de viaturas ligeiras, o que não é verdadeiro, pois essas colunas eram compostas maioritariamente por viaturas pesadas.A designação correcta deve ser "Movimento de Viaturas de Logística".As viaturas militares e os seus ocupantes, oficiais, sargentos e praças,integrados no "MVL",constituiam a respectiva escolta de segurança. As restantes viaturas pesadas civis transportavam mercadorias para os civis, géneros alimentícios, material para os militares e mesmo pessoal militar e, por essa razão, eram designadas pelo nome que lhes deram: "MVL"(Movimento de Viaturas de Logística".
Com os melhores cumprimentos do camarada,
Octávio Botelho

Octávio Botelho disse...

Caro Casal Fonseca:
Deve rectificar a designação do MVL,de Movimento de Viaturas Ligeiras(não eram tal, pela foto) para Movimento de Viaturas Logísticas, pois que tal era a sua real designação e função específica, quer para militares,quer para civis. Conheço a realidade, pois estive em comissão de serviço no Sector de Carmona, subsector do Quitexe em 65/67, na CArt 785/BArt 786-RAP-2, em Liberato e Stª.Isabel, durante dois anos.Sou Sarg.Aj.Artª.na reforma e o meu nome é Octávio Botelho.
Os meus cumprimentos.
Botelho

Anónimo disse...

O MVL,fui muito benefico para mim,militar no Quitexe em 72-73,foi de ferias para Luanda numa viatura pesada,a estrada era toda de asfalto e andava-se bem,ja nao posso dizer o mesmo da picada do Liberato,era muito perigosa,ainda em 72-73,entao em 65-67devia de ser muito mais,eu digo perigosa porque estava em causa a nossa Vida,era preciso muito atençao a tudo-------Cumprimentos ao camarada Viegas ao Sarg Aj Octavio Botelho e um abraço para o Casal........Filipe Branco