domingo, 11 de março de 2012

1 200 - O Cabo Chico dos Caçadores do Quitexe!...


Igreja da Mãe de Deus do Quitexe, em 2012

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ANTÓNIO CASAL DA FONSECA
Texto


Ontem à noite, falei ao telefone com o meu amigo Cabo Chico, o carpinteiro oficial da CCS do 3879! Ligou-me ele de Viana, bem pertinho de Luanda, onde faz pela vida e exactamente na mesma profissão em que era exímio no Quitexe.

Foi mobilizado quando já nada o fazia prever, a escassos meses de terminar o tempo de serviço militar. Mexeu-se quanto pôde, revoltou-se e indignou-se, mas faltou-lhe o argumento/cunha e lá foi como todos nós! A sua alcunha – convém não esquecer que o seu nome é Albino -, nasceu precisamente do tempo de serviço que já contava, e que era do conhecimento de toda a CCS, inclusive do Comando. Atendendo a esta situação usufruiu, curiosamente, de alguma liberdade de expressão que a outros não era tolerada. 
O seu humor e ironia eram de fino requinte e, aliados à sua extrema educação e sentido de companheirismo, fizeram dele dos mais respeitados militares da CCS. Sem ponta de exagero!

Descreveu-me a Angola de agora, comparando-a com a de então, mas sem entrar em grandes detalhes – ficará para Maio, disse!

Quando no decorrer da conversa lhe confessei que no passado verão quase estive com um pé em Angola, com um empresário amigo, respondeu-me de imediato: «Nem penses, pá!!! Seria um grande erro na tua vida! Revisitei Ambrizete, onde estivemos, que agora é Nzeto, tirei fotos a tudo quanto era sítio, e sabes o que me sobrou?! Tristeza, angústia e desolação, não pela diferença física do espaço, que é naturalmente atroz, mas pelo vazio que se sente na alma! Há coisas que não conseguimos recuperar, meu amigo, e oxalá consigamos guardar as boas memórias, porque delas também nos alimentamos, por estranho que possa parecer!

Foi pouco mais ou menos com estas palavras, se não exactamente estas que, nostalgicamente e sempre no seu discurso pausado, me transmitiu o seu estado de alma, justificando-me assim o porquê de não se ter ainda deslocado ao Quitexe, conforme eu já lhe sugerira em outros contactos. Não me deu nenhuma novidade, já que é também este o meu pensamento!

E para final de contacto rematou: olha amigo, agora vou ali ao bar da frente beber umas cervejinhas frescas porque está um calor do caraças!..., neste campo, tudo continua igual…, é o que tem de melhor!

E lá foi o Cabo Chico saciar-se com umas cervejolas angolanas, tal como fazia na cantina do Quitexe e onde punha em prática os seus dotes de excelente conversador, de que não perdeu o jeito!

Desta vez, não precisarei de ler a sua mensagem enviada de Angola, já que planeou a sua vida para poder estar de novo connosco, após alguns anos de interregno! Ainda bem Cabo Chico, lá te esperamos!
ACF
2/03/2012

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Casal fiquei muito satisfeito ao ler esta pagina do nosso amigo Cabo Xico,lembro-me perfeitamente dele,sempre alegre,embora tive-se razao para nao andar,mas deitou para tras das costas e toca a viver a vida.Nao a duvida que era um homem com H grande,amigo,companheiro e bom profissional.Vou tentar estar convosco no proximo almoço convivio,eu faço hemodialise e tenho que programar.........um abraço.........Filipe Branco