segunda-feira, 19 de março de 2012

1 208 - O soldado do Batalhão de Cavalaria 8423


A 18 de Março de 1974 entrámos em gozo das chamadas Licenças de Normas e todo o pessoal foi «minuciado» de papelada de mentalização para o que nos esperava na guerra colonial para que nos preparávamos. «Ser-se de cavalaria não é ser-se melhor nem pior, é ser-se diferente.Ser-se do RC4 é obedecer ao lema «Perguntai ao inimigo quem somos?».
Vale a pena recapitular a imagem que nos era «vendida» pela acção psicológica, no sentido de aceitarmos e exercermos o aprumo permanente, o asseio irrepreensível, a pontualidade em extremo, a dedicação até ao sacrifício, o interesse total, educação firme e  valentia até ao destemor, para que fossemos «soldado do BCAV. 8423 e daqueles a quem o inimigo, ao perguntar quem és, te acha diferente».
Honrai a Pátria, que a Pátria vos contempla; O soldado português é dos melhores do  mundo; O Exército Português é o espelho da nação; Cultiva as virtudes que te solicitarem para te impores como verdadeiro soldado; Aprumo e atavio; Pontualidade e vontade firmes; Dedicação e interesse; Disciplina e respeito total», eram  alguns dos dogmas que nos foram «vendidos» para reflexão no período das Licenças das Normas.
Hoje, 38 anos depois, não se evita um sorriso, na memória que fazemos da nossa generosidade de então. E por muito esforço que faça (e fiz) não consigo recordar as emoções sentidas, muito menos a meditação que era sugerida no documento. Os tempos também eram outros, como a idade.

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