na varanda do edifício do comando do BC12, em Carmona
Texto
Regressado de férias, ocupei-me a ler o site sobre o nosso passado de combatentes. E não posso, a quente, deixar de dizer aquilo que neste momento me vai na alma. Antes de mais, Viegas, as minhas mais sinceras felicitações e agradecimento pela excelente ideia e iniciativa.
Pertenci ao pelotão-auto, uma parte de um todo coeso e disciplinado que era o nosso Batalhão de Cavalaria 8423. Honra seja feita ao Comandante Almeida e Brito, que nos soube incutir, com mais ou menos sacrifícios, a dignidade, a disciplina e o companheirismo que sempre nos guiaram e nos permitiram regressar de cabeça levantada e com o sentido do dever cumprido.
Fiz grandes amigos em Angola. Na força da juventude, na adversidade e isolamento, desenvolvem-se laços de amizade que noutras condições seriam muito difíceis. Eu e minha esposa Margarida, que sempre me acompanhou, fizemos amigos que nunca esqueceremos e com alguns dos quais mantivemos - e mantemos - uma grande e verdadeira amizade.
Vou hoje recordar um dos mais próximos, que infelizmente já não se encontra entre nós e com quem a nossa amizade e convívio se manteve para além do ultramar.
O António Garcia, o alferes Garcia!! Valente, corajoso, amigo com quem todos podíamos contar, bem disposto e atento a tudo e todos, recordo-o a brincar com o meu filho Ricardo e, com grande brio e coragem, à frente do seu pelotão, à porta da messe de oficiais, disposto a fazer frente aos sublevados da companhia do Liberato.
Recordo as nossas idas às companhias de Vila Viçosa, Zalala, Santa Isabel e fazenda Vamba. Eu e os meus homens com a missão do controle de armas e viaturas, ele com os seus «pelrec´s» a zelarem pela nossa segurança.
Encontrámo-nos cá várias vezes, ou sempre que podíamos, e era com tanta paixão que falávamos de África que as nossas esposas se repetiam: «Vocês não sabem falar de outra coisa?...».
Fui com o José Alberto Alegria (o alferes Almeida) ao seu casamento, a Carrazeda de Ansiães, onde fomos recebidos de braços abertos. Penso que houve foguetes. O Garcia era mesmo assim. Com ele, a amizade tinha de ser sentida e vivida.
Mais tarde, estando a Margarida, como médica, a fazer o serviço à periferia em Carrazeda e não havendo facilidade de hospedagem, o Garcia e a Olga, sua esposa, não descansaram enquanto não dispusemos da casa de um familiar em Pombal de Ansiães. Que terra, que gente, que comezainas e felizes momentos passamos com ele e seus familiares e amigos.
Pertenci ao pelotão-auto, uma parte de um todo coeso e disciplinado que era o nosso Batalhão de Cavalaria 8423. Honra seja feita ao Comandante Almeida e Brito, que nos soube incutir, com mais ou menos sacrifícios, a dignidade, a disciplina e o companheirismo que sempre nos guiaram e nos permitiram regressar de cabeça levantada e com o sentido do dever cumprido.
Fiz grandes amigos em Angola. Na força da juventude, na adversidade e isolamento, desenvolvem-se laços de amizade que noutras condições seriam muito difíceis. Eu e minha esposa Margarida, que sempre me acompanhou, fizemos amigos que nunca esqueceremos e com alguns dos quais mantivemos - e mantemos - uma grande e verdadeira amizade.
Vou hoje recordar um dos mais próximos, que infelizmente já não se encontra entre nós e com quem a nossa amizade e convívio se manteve para além do ultramar.
O António Garcia, o alferes Garcia!! Valente, corajoso, amigo com quem todos podíamos contar, bem disposto e atento a tudo e todos, recordo-o a brincar com o meu filho Ricardo e, com grande brio e coragem, à frente do seu pelotão, à porta da messe de oficiais, disposto a fazer frente aos sublevados da companhia do Liberato.
Recordo as nossas idas às companhias de Vila Viçosa, Zalala, Santa Isabel e fazenda Vamba. Eu e os meus homens com a missão do controle de armas e viaturas, ele com os seus «pelrec´s» a zelarem pela nossa segurança.
Encontrámo-nos cá várias vezes, ou sempre que podíamos, e era com tanta paixão que falávamos de África que as nossas esposas se repetiam: «Vocês não sabem falar de outra coisa?...».
Fui com o José Alberto Alegria (o alferes Almeida) ao seu casamento, a Carrazeda de Ansiães, onde fomos recebidos de braços abertos. Penso que houve foguetes. O Garcia era mesmo assim. Com ele, a amizade tinha de ser sentida e vivida.
Mais tarde, estando a Margarida, como médica, a fazer o serviço à periferia em Carrazeda e não havendo facilidade de hospedagem, o Garcia e a Olga, sua esposa, não descansaram enquanto não dispusemos da casa de um familiar em Pombal de Ansiães. Que terra, que gente, que comezainas e felizes momentos passamos com ele e seus familiares e amigos.
De um momento para o outro, o jornal de todos os dias, friamente, trouxe a triste notícia da sua morte e fez-se o vazio. O Garcia morreu de acidente, em serviço - ao serviço dos outros como gostava de estar.
Jamais o esquecerei.
ANTÓNIO ALBANO CRUZ
Jamais o esquecerei.
ANTÓNIO ALBANO CRUZ
- ANTÓNIO A. CRUZ. António Albano de Araújo Sousa Cruz, alferes miliciano mecânico. É engenheiro mecânico e é natural e reside em Santo Tirso.
- NOTA PESSOAL: Fui um dos homens que actuou sob o comando do Alferes Garcia. Já aqui, neste blogue, lhe prestei continência de saudade, de respeito e de homenagem! Fui um dos que, do PELREC, perfilou armas em frente à messe de oficiais do Quitexe para (irmos) fazer frente aos sublevados do Liberato! Foram momentos de grande tensão, de mil pensamentos a voar, de cá para lá, por todo o lado e para todos nomes e para toda a gente. Quero que se saiba que, debaixo do comando do alferes Garcia, nunca houve um passo atrás, um medo que nos fragilizasse, algo ou alguém que nos acobardasse. O PELREC sentia-se sempre maior, sob o comando do Garcia. Saudades, amigo!!! Sei que tenho procuração de todos nós, para te lembrar aqui!E sempre! - CV
2 comentários:
Olhó Alferes Cruz!
Conheço a fotografia do meu pai com o seu filho ao colo do álbum dele, sagradamente guardado em casa da minha mamã Olga.
É com imensa alegria que leio estas mensagens lindas sobre ele, mais uma peça do puzzle sobre a vida dele que, como deve compreender, desconheço totalmente. Um abraço da filha do Garcia, Marta.
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