quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A messe dos furriéis «revoltosos» da CCS dos Cavaleiros do Quitexe

Norberto Morais e A. Lopes, furriéis alentejanos da CCS do BCAV8423, no Quitexe (1974)


A comunidade militar do Quitexe estava dividida por vários edifícios civis, para além do núcleo principal, digamos - onde se localizavam as casernas e a cozinha/refeitório, as oficinas, o parque-auto, as transmissões, a secretaria e o comando.
A foto mostra, repimpados da Silva, os furriéis Morais e o Lopes, de frente para o enfermaria, provavelmente a um qualquer domingo e a matar o tempo, que nunca mas passava até ao nosso regresso. Atrás, na avenida da vila, fica a messe e o bar de sargentos - que era o nosso poiso diário, onde matávamos a fome e degustávamos bebidas que nos amoleciam as saudades da terra e da nossa gente.
Foi palco de muitas histórias, muitas delas apimentadas pelo rubor dos nossos desejos e a falibilidade dos nossos sonhos. Quantas discussões por aqui se tiveram, sobre tudo: a tropa, a guerra, as saudades, o tempo que não andava para a frente, as épicas missões dos militares operacionais (e quantos exageros!...), as mulheres que alguns de nós por cá deixaram a moerem-se d´amores, as mulheres de lá... - que olhávamo de longe, disfarçando desejos!
Um dia, nesta messe que nos matou fomes e foi palco de muitos exageros gastronómicos e alcoólicos, a maioria dos furriéis tomou uma decisão radical: - não comer à mesa com os sargentos e companheiros «feitos» com eles. Soube-se nesse dia como nem sempre a solidariedade é vã. Como, afirmadamente, todos podemos optar e confrontar. Discutir razões e assumir atitudes. Qe o diga o Machado, líder da revolta - que não foi rebelião, mas impôs razões. Não foi, ó grande «beduíno!»... Também assim se levedou o espírito que fez do BCAV. 8423 um exemplo pelo que foi e fez em terras do Uíge!
- MORAIS. Norberto António Ribeirinho Carita de Morais, furriel miliciano mecânico-auto. Natural de Niza, engenheiro e quadro superior da Estação Macional de Plantas, em Elvas, onde reside.
- LOPES. António Maria Verdelho da Silva Lopes, furriel miliciano enfermeiro, natural e residente em Vendas Novas - onde é tesoureiro de Finanças.
- MACHADO. Manuel Afonso Machado, furriel mecânico de armamento. Natural de Covelo do Gerez (Montalegre) e residente em Braga, onde é quadro superior de EDP. Popularizou o epíteto Beduíno, que invariavelmente chamava a quem se portasse menos bem de normas. Chamar Beduíno a alguém, a alguma altura, passou a ser termo carinhoso - como no Encontro de Águeda vincadamente se confirmou.

5 comentários:

Anónimo disse...

O tal caso do Viegas como buraquinho n/ foi aqui na messe de sargentos, tenho essa ideia, alguém pode explicar...

Tomas disse...

Ex mais dois nomes, que vale a pena fazer referência, o Morais e o Lopes. O Morais muito calmo sereno como que a dizer, não me chateem; (tá-se bem). E tinha razão. O Lopes, dentro do mesmo estilo, tinha outra maneira de ver o dia a dia: por ex. quando eu um belo dia, pensei, vou sair da enfermaría, sim, eu não estou aqui a fazer nada.
Azar; apareceu o enfermeiro Lopes (onde que vais? eu vou-me embora, já estou aqui à mais de 20 dias e não estou aqui a fazer nada!) Uns dias antes eu tinha dito que sentia umas tonturas etc. Logo a seguir quase me obrigou a deitar pois tinha verificado que eu tinha a tensão arterial descontrolada (lembro que me deu "Efortil" injectável, lembras-te Lopes. Nunca é tarde para agradecer, um abraço para o Lopes

Anónimo disse...

Ai puseste-te na baixa e depois querias mama, o Tomás; fez muito ben o furriel Lopes em te tirar a te(n)são, para não seres choco esperto.
Silva

OLIVEIRA disse...

Dois tipos porreiros, estes dois furrieis, sempre calmos, sem dar nas vistas, sem ondas...

QUITEXANO disse...

Gajos bons, como as especialidades deles não eram operacionais conheci-os à distância mas vi-a muitas vezes o Lopes na oficina-auto, sempre muito calmo e a fumar o seu cigarrinho...