sábado, 31 de outubro de 2009

Cinema no Batalhão, a rodar os golos de Eusébio....

O O Clube do Quitexe, onde decorriam as sessões de cinema do BCAV. 8423,
em finais de Outubro de 1974. Eusébio, na foto de baixo

Eusébio?! O que terá Eusébio a ver com os Cavaleiros do Norte? Bom, Eusébio marcava muitos golos e, na altura já no pré-ocaso da brilhantíssima carreira, passava nos cinemas o filme «Pantera Negra», já com algum atraso de estreia. Um filme que lhe endeusava os feitos futebolísticos e nos apaixonava a nós - benfiquistas, ou não. Mas portugueses.
É dessa altura o já aqui falado travestismo do (furriel) Viegas, que se deixou em apalpar nos joelhos por um jovem oficial armado em galã, no escuro do cinema - o Clube do Quitexe (foto de cima).
O filme rodou por toda a área de acção do BCAV. 8423, depois de passar no Quitexe, destinando-se primeiramente aos tropas e depois também à população civil. Era, no fundo, uma actividade de acção psicológica pura e lembro, dessa altura, o entusiasmo com que um filme de cow-boys foi visto no aquartelamento de Zalala - no refeitório. Foi a única vez que lá dormi e, depois de longas horas de cervejas, pão e manteiga, pós-filme, dormitámos umas duas horas até ao regresso ao Quitexe. Arrancámos logo ao alvorecer, com os cuidados do costume mas apanhando um susto perto da Fazenda Alegria.
Ouviram-se tiros mas eram de caçadores... menos cuidados! Lá rebolámos nós, a ganhar posições nas laterais da picada, afinal para e por.. nada!
Soube este verão que, por aquelas bandas, nos duros primeiros anos de 60, o agora PSP reformado José Martinho, aqui vizinho, por lá sentiu os agravos de matança... - Era ele soldado de uma companhia de caçadores.

3 comentários:

Tomás disse...

Esta era a casa dos sonhos, agora parece a casa dos "HORRORES". Não vou aqui falar de Eusébio, isso fica para o Viegas, mas sim desta casa onde acontecia o encanto a beleza a arte e todos os demais perdicados que se podem atribuir ao "cinema". Três vezes por semana havia cinema. O filme vinha de Luanda e quando chegava, varios "cavaleiros do norte" se prontificavam a espalhar os cartazes de anúncio. Dirão alguns colegas e amigos (como é que ele sabe isto?) Durante cerca de sete meses ajudei a projectar os filmes que por lá passaram, e foram muitos. Foram muitas e muitas horas de filme e cuidados técnicos para que todos os colegas pudessem, dentro dos possiveis, usufruir de uma noite de cinema em tão precárias condições. E tudo começou com o Mendes(?) eletricista auto do Casal Ventoso. Um dia convidou-me para ir falar com o responsável do cinema (pai da Dusol) porque o som era "fuleiro". Mas a realidade era outra, estava tudo tão velho e deficiente que havia a necessidade de assistencia técnica permanente devido à falta de acessórios no meio de África. Já aqui foi dito mas vou repetir, quem projectava o filme era um "velhote" chamado Filipe e que, o que ele queria era beber umas Nokal e dormir uma soneca. Era injusto a rapaziada pagar bilhete e ouvir-se mal, a imagem era péssima pois falhava a luz na projecção etc. Hoje só lamento ter feito tanto sem nunca ter... mas se muitas vezes o fiz foi por amizade à grande maioria dos colegas que mereciam o melhor, principalmente aos que chegavam do mato.

Anónimo disse...

O seu vizinho Martinho, terá pertencido à Comp. Caçadores 89. Penso que foi a primeira que prestou serviço na área do Quitexe. Tempos nada moles, segundo relato de um amigo que por lá andou. Nada teve a ver com os anos que se seguiram, com mais organização. Embora não menos perigosos, claro!

Antonio Casal

Anónimo disse...

Um filme de cow-boys, com muitos tiros, logo em Zalala!...Devia andar por ali muita falta de imaginação em quem organizava esses eventos. Nem um bom filme romântico para animar as hostes ou sei lá...levantar a moral das tropas?! Por isso é que o pessoal (o que podia/queria) fugia para Carmona. Realmente, ali havia de tudo...até Cinema!

A. Casal