BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
O homem branco que batia no homem negro...
Angola foi tempo de multiplicação de camaradagens e solidariedades. Quando se diz que a tropa nos fez mais homens, diz-se uma verdade. Mas incompleta! A tropa formou-nos, ampliou-nos o conhecimento e a experiência, sacramentou cumplicidades e semeou amizades que levedaram e se aumentaram nos tempos, até hoje!
Eu e o Chico Neto, ambos de Águeda, embora de formações bem diferentes, celebrámos «casamento» em altar que ainda dura. Julgo poder dizer, sem exagero, que até eramos «invejados», tal era a afinidade, a cumplicidade, o «estou por ti» que se revelava em todos os momentos do nosso dia-a-dia. Completávamos-nos!
Um dia, em operação que nos fez galgar imensos quilómetros pela mata afora, com ponto de chegada a uma fazenda algo distante do Quitexe, ouvimos gritos aflitivos, cada vez mais prolongados e angustiados, como que a definharem-se. Caminhávamos já dentro do cafezal, no silêncio e cautelas que urgiam, quando demos com um cenário de agressão a um trabalhador negro. O pobre do homem, ripava café (com muitos outros, talvez uma centena...), para uma espécie de saco pendurado do pescoço e pela cinta abaixo, um trabalho violentíssiomo..., e agredia-o o capataz.
Insurgiu-se o Neto, correndo em defesa do homem negro e gritando para o encarregado: «Eu mato-o....». E apontava-lhe a G3.
Os breves segundos que se seguiram foram de dramática tensão. «Calma, Neto!...», disse-lhe eu, procurando convencê-lo. Olhou-me ele, de olhos esgaziados. Ver um homem a ser agredido daquela maneira, é que não podia ser, para o Neto, de formação cristã muito forte e ali, por instinto, a defender os mais fracos! O homem da fazenda atemorizou-se, estava em desvantagem, rodeado de tropas. «Se repetir a tentativa, vai preso...», gritou-lhe o Neto.
Lembro-me que o caso foi comunicado às autoridades militqres, em relatório da operação, e que transitou para a administração civil. Mas não sei o que aconteceu depois... Ou não me lembro.
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1 comentário:
Eram dos melhores e mais activos, o que é feito deles...
Santos
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