quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O discreto Grácio que vendia bebidas no depósito de géneros...

O Moreira e o Grácio, com a esposa, no Encontro de Águeda.
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Aqui está o Grácio, glorioso sapador de infantaria, que de Leiria - de uma terra chamada Amor, vejam lá!... - vou para o Quitexe, para uma missão que lhe estenderam ao depósito de géneros. Era lá que ele, sempre bonacheirão, cumpridor e sempre disponível, «aviava» as bebidas que o RDM permitia à tropa e a «gulodice» de outras patentes, mais altas, ia deixando passar.
O Grácio era boa gente! E é! Ainda agora, pelo telefone, me lembrou alguns exageros da malta furrielística, avidamente sedenta de mais avios e de alguns abusos. Se estes fossem possíveis! «Era eu que vos fornecia as bebidas...», lembrou-me o Grácio, como se eu não soubesse e adivinhando-lhe um sorriso do outro lado do telefone! E lá esteve ele, sempre discreto e presente, no Encontro de Águeda, acompanhado da sua (dele) «mais que tudo!», não sei se namorada daquele tempo!
A uma qualquer altura, cumprindo ordens - como bom militar que era... - negou vender bebidas à furrielada. Não podia, tinha ordens! Aqui d´el-rei, que «não podia ser...», gritava-lhe o Machado. «Veja lá no que se mete...», avisava-o o Neto. «Ainda levas uma porrada...», azucrinava-lhe o Mosteias - que era furriel sapador, a disfarçar o riso. Até o Pires (o do Montijo), também furriel sapador, meteu colherada na querela: «Ainda te f..., ó Grácio!».
O Grácio, e muito bem, manteve a ordem recebida - ordens são ordens... - e foram os furriéis em demanda dos mais patenteados, que lá libertaram a ordem de venda. Francamente, não tenho a certeza se uma velhíssima Monks, em garrafa de cerâmica e que ainda tenho ali no bar, não foi uma das que, nessa altura foram vendidas pelo Grácio no depósito de géneros e saíram dessa «escala negocial» de outras patentes! O certo, certíssimo, é que o Grácio, o discreto Grácio, o disciplinado sapador Grácio, não foi em cantigas e, sem hesitar, cumpriu o seu dever de honra. Assim eram os bons militares e se formam os homens grandes!
- GRÁCIO: Fernando Martinho Grácio, 1º. cabo sapador. Natural e residente em Amor (Leiria).

3 comentários:

Anónimo disse...

O Fernando Grácio é aquela máquina! Pintor da construçaõ civil, é um exemplo como pessoa e como profissional. Senhor duma rectidão exemplar e a quem eu confio os trabalhos de que necessito. Trabalhador e honesto, dele dou sempre as melhores referências e nunca fique mal visto..e nunca vou ficar! "Artista da pintura", por cá se diz dele!Não o vou carregar de mais elogios e garanto que se ele estivesse a ler estas palavras ficaria muito, mas mesmo muito atrapalhado! Em breve estarei com ele e vai ter de me falar do Quitexe e dessas negociatas! O amigo Grácio no Quitexe! Quem diria!...
E de tudo me vai falar com aquele seu jeito risonho, meio envergonhado e simples!
Gostei de o ver aqui todo pomposo amigo Grácio!

Casal

Tomas disse...

Ora até que enfim... já sei quem tem um "Monks". Ó Viegas põe-te a pau porque já não sou só eu que sabe o que tens na garrafeira. Do Grácio o que é que se espera? O nosso Batalhão só tinha gente boa, salvo raras excepções. Á, já me esquecia, com que então os nossos furrieis escoavam tudo o que era Wisky!!! Depois falamos.

Anónimo disse...

O Grácio não era sapador, aquele das pernas escarranxadas... se é esse era um tipo porreiro, que gostava de beber a sus cervejinha muito sossegado lá o canto do bar dos soldados.
O que eu admiro é como o Viegas se lembra destes pormenores todos, era um tipo sabido, sabia-a toda; não foi ele que uma vez ameaçou o comandante com uma participação ou coisa parecida. Uma vez, na formatura das duas horas o comandante foi lá mandar vir com o pessoal e ele foi o único que saiu da formatura para lhe responder, era um tipo corajoso e falava muito bem e quando ele estava de serviço a comida era sempre boa.
Coelho