O Aurélio, aqui do lado esquerdo, era atirador de cavalaria mas «atirava-se» também aos cabelos da malta, como gato a marmelada: aparava, cortava, mondava a penugem das orelhas e, de repente, era uma rajada de pente e tesoura. Modo semântico de dizer, uma carecada!... Era o barbeiro da CCS e bom praça, sempre de gargalhada na ponta da beiça!
O Vicente, o Gomes e o Serra eram condutores e não falhavam uma curva, com o volante dos «burros de mato» na mão. Ou berliet que fosse!! Cada curva, convém lembrar, era um perigo a espreitar e os condutores-auto um alvo fácil de abater. Louve-se a coragem de todos eles, estes aqui na foto e todos os outros.
Falei de curvas, mas posso lembrar as rectas e as picadas turtuosas e poeirentas, os lamaçais e buracos que atrasavam a marcha de qualquer coluna, os pisos por onde não passou Cristo e amarguravam as angústias dos militares, as subidas íngremes de troços onde à pedrada podíamos ser emboscados e mortos, os percursos de meter medo a Deus e ao diabo! Foi toda a gente gente brava e sem medos!
Nem uma vez alguém hesitou a arrancar da parada do quartel, quantas vezes comendo o pó das madrugadas e o frio que cacimbava as nossas saídas para escoltas, patrulhamentos ou operações. A arma era o volante e não tinham granada no cinturão com que se pudessem defender. Missões arriscadas, as dos condutores! Gente de coragem!
4 comentários:
Grandes amigos dos nossos bons e maus tempos de tropa...
Hoje não faço comentários! No entanto, vou dizendo que essa de "mondar os pêlos das orelhas" foi...letal!
Por falar em condutores, no 1º dia de Quitexe (reconhecimento) virou-se um unimog, acidente do qual resultaram alguns feridos ligeiros. Não foi desconhecimento do terreno e nem excesso de velocidade. O condutor, Zé de sua graça, adormeceu ao volante e a viatura virou-se. Acontece que o homem não ia cansado e nada fazia prever tal coisa. A verdade, veio a apurar-se, é que ele adormecia em qualquer situação e aquela não fugiu á regra. Passou a conduzir só em pequenos percursos e com o Alferes ou o Furriel sempre a gritar-lhe aos ouvidos.
Adormecia a conversar e por tudo isto foi alcunhado de "Zé do Sono"!
A última vez que o vi adormecer foi num almoço/convívio em Anadia. A esposa, conhecedora do seu problema e sempre atenta, evitou que o nariz (e o resto) fosse ao prato!
«Está na mesma e só não adormece a dormir!» dizia a esposa carinhosa como se de um menino se tratasse!
Nem se importava que ele bebesse mais um copo porque ela é que tinha a missão de o levar a bom porto!
Casal
O barbeiro não era meio gago, acho que era do pelotão dos atiradores e andava sempre a falar
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