segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O 1º. cabo Buraquinho, analista e depurador de águas

Miguel, Moreira e Alfredo Coelho (Buraquinho), gente boa do Quitexe militar de 1974/75.
Ao findo, vê-se o Fernando Grácio


Peço licença para aqui falar do Buraquinho. Apresento-o: Alfredo Rodrigo Ferreira Coelho, 1º. cabo nº. 012198/73! 1º. Cabo de Análise e Depuração de Águas, como ele sempre gosta de enfatizar. E uma declaração de interesses: o Buraquinho foi o único homem, em toda a minha vida, que sofreu consequências de uma acção disciplinar minha. E foi despromovido, de 1º. cabo a soldado. Estranhamente, talvez, sempre tivemos boas relações. De então, até hoje.
O Buraquinho botou palavra no Encontro de Águeda, espalhafatoso como sempre, de palavra solta e desbragada, teatral, emocionado e catapultador de emoções, impulsivo, altissonante, explosivo.
Contou ele o que pensou e sentiu na dramática madrugada do primeiro domingo de Junho de 1975, em Carmona. Seguramente o mais grave, o mais perigoso, o de mais histórias a fazer as memórias dos Cavaleiros do Norte!
Que se encolheu, que se riu, que se deixou amedrontar e gritou, que se sentiu herói e D. Quixote, que limpou o suor da testa com as costas das mãos, que puxou o bolso das calças e não achou lenço, que lhe tremeram as pernas de medo e sentiu um frio na barriga, nos braços e no rosto; que pegou numa arma e, quando as balas silvaram na manhã de Carmona, atirou-se para debaixo dos bancos da Berliet.
Falou da mulher angolana que lhe conquistou o coração e lhe deu dois filhos, que ali o ouviam de bocas rasgadas de sorrisos!
E falou de mim, «o meu amigo Viegas, que me passou de cabo a soldado, 1º. cabo de análise e depuração de águas». «É esta a minha especialidade, ouçam lá...», sempre ele faz questão de enfatizar.
Eu, que me conheço e conheço o Buraquinho, também não evitei um sorriso largo. E outro... A oratória do 1º. cabo de análise e depuração de água nunca mais parava, sempre extravagante nos gestos e nas palavras! Só parou quando, como quase sem querer, me passou o microfone para a mão.
Rematei eu: «Vou explicar porque é que o Buraquinho gosta assim tanto de mim. É que a mulher tem o meu apelido!...». Riram-se os Cavaleiros do Norte, misturando os aplausos com mais uns tragos dos vinhos Bairrada que se deixaram degustar nos prazeres da tarde de 12 de Setembro de 2009!
Depois disso, já o Buraquinho me emailou - envergonhando-me de elogios. Não há pai para ele!

2 comentários:

Anónimo disse...

Este buraquinho era impagável, só quem o conhece...

OLIVEIRA disse...

O buraquinho era por demais, até dizer chega, uma vez fui à enfermaria e se não era o Florindo o gajo dava cabo de mim, com uma injecçção e eu que ainda hoje sou alérgico a injecções.