Aeroporto Internacional de Luanda, nos anos 70 (foto de Rui Ribeiro)
Há 34 anos, faz hoje, voltámos a Lisboa - voando de Luanda! Foi um dia de festa, de alegria e de emoção. Eu, regressei à minha terra de Ois da Ribeira, perto de Águeda, e por cá me mantenho. Sempre a lembrar-me de Angola, dos seus cheiros e sons, das suas gentes que aprendemos a amar, dos seus momentos de festa, das glórias e (quase) tragédias dos 15 meses em que por lá suspirámos de saudades e crescemos mais amadurecidos para o mundo.
O dia 8 de Setembro, há 34 anos, era suspirado há muito: vínhamos para a nossa terra e a nossa gente. A noite de véspera foi mal dormida, como os ontens e os anteontens que nos fizeram por lá andar a despedir-nos de amigos que iam ficar. A última ceia foi de pastéis, muitos pastéis, cerveja e vinho branco, muito vinho branco, meio quente e meio fresco... - «ementa» que nos arranjou um civil cujo nome não recordo. E gostava de recordar. Os soldados, na sua irreverência generosa e meia transbelhada, fizeram das suas pela noite fora, no Destacamento que nos coube no Grafanil... - sujo à nossa chegada de Carmona, quase nauseabundo, e aceleradamente asseado ao abrir de Agosto, para a chegada dos cavaleiros que do Uíge vieram por terra em jornada de mil perigos.
As berliets, ainda era madrugada do hoje de 1975, encheram-se de malas e sacos, para o aeroporto internacional de Luanda. Voámos por menos de oito horas e chegámos a Lisboa ao fim da tarde. Faz hoje 34 anos!
Com o Neto, trazidos pelo Benício, que era condutor da fábrica do pai e a Lisboa nos foi buscar, parámos num restaurante de Alcoentre e comemos bacalhau assado, com vinho branco. Que saudades! Cheguei aqui a casa, perto da uma hora da madrugada - já com o Neto a enlaçar-se na família, na Bicha Moura (Águeda). Fui a casa de minha irmã, para que viesse a casa acordar a nossa mãe, ao tempo recém-viúva e doente!
Com o Neto, trazidos pelo Benício, que era condutor da fábrica do pai e a Lisboa nos foi buscar, parámos num restaurante de Alcoentre e comemos bacalhau assado, com vinho branco. Que saudades! Cheguei aqui a casa, perto da uma hora da madrugada - já com o Neto a enlaçar-se na família, na Bicha Moura (Águeda). Fui a casa de minha irmã, para que viesse a casa acordar a nossa mãe, ao tempo recém-viúva e doente!
Ninguém sabia que eu chegava. Foi um segredo que consegui guardar até ao fim. Quando me viu, olhou-me minha mãe, emocionada mas segura, como ainda hoje, aos 88 anos: «Então já vieste, rapaz?!!!!...».
Há momentos que nunca esquecem! Na manhã de 9 de Setembro, acordei e fui ver a vaca, os porcos, as galinhas, os coelhos. Ouvi o badalar do sino, dando as horas! Tinha saudades destes cheiros e destes sons!
- TAM. Transportes Aéreos Militares, que assegurava os transportes de militares entre Lisboa e as capitais das chamadas províncias ultramarinas.
4 comentários:
"A ultima noite", até parece o titulo de um filme, no Grafanil. Eu o Pais o Silva, todos radiomontadores e o santos escritorário da sala de operações, natural de Vagos, (onde é que ele anda) dormimos no chão num dos escritórios do Grafanil. Quer dizer tentamos, mas a receção que fizemos aos "maçaricos", é que estava a dar (ainda te lembras Viegas?). A ancia era tanta de vir embora que nem dormiamos. Chegados a Lisboa fomos de taxi todos juntos, menos o Pais que é de Vizeu, cada um para sua terra. O taxista, que não perdia nada com o frete, logo se prontificou a levar-nos a um restaurante (?) e depois de um bife e bem regado seguimos viagem. O Santos ficou em Vagos, o Silva em Oliveira do Douro e eu no Porto. A minha soudosa mãe acordou eram tres e meia da manhã pensando estar a sonhar. Belos tempos
Viegas, és brilhante e o teu blogue ujma maravilha, felicito-te por isso e sábado dar-te-ei o abraço que que desejo e tu mereces; eu delicio-me a ler...
Um dia histórico para todos nós... e que este artigo do sr. Viegas vei fazer recordar com muita emoção. Bravo, Viegas...
Santos
Bonito, bonito, bonito...
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