Achei esta foto, tirada na frente da secretaria da CCS, no Quitexe - onde me mostro com o Mosteias, o sempre disponível e generoso Mosteias, arrebatado e valente, o único de todos nós (furriéis) que por cá deixara compromisso de casado e já era pai, desde Setembro.
Pouco diz a legenda, apostada nas costas do retrato: «Eu e o Mosteias. Ele de cigarro na mão e eu carregado de papelada. Ambos a olhar para o... além». Data: 17.02.1975. Tem 37 aninhos, esta imagem. O tempo passa!
Fui ao baú e lá achei notas. Dia 17, foi uma segunda-feira. E digo eu que «acabei hoje o serviço ontem começado, depois de uns dias em Luanda e esperado na secretaria da CCS pelo capitão Oliveira, prontinho para me aviar uma porrada».
Releio um aerograma de Alberto Ferreira, do dia 18: «Concerteza já estás no Quitexe, visto ter-te procurado no Katekero e já teres saído, na sexta-feira à noite. O que é que se passou?».
Sorri-me, ao reler isto. O que se passara, fora simples e tal recordo com a memória refrescada pela leitura das minhas papeladas. Eu tinha ido a Luanda e teria de me apresentar até ao meio dia do dia 15, um sábado. De lá teria de partir na 6ª.-feira, mas, naturalmente, ampliaria os dias da capital para até domingo. Desenfiado!!! Tinha a conivência do alferes Garcia, mas sabia-me «perseguido» por alguma gente da guarnição.
Releio a papelada da época: «Espraiava-me por Luanda, às voltas pela Mutamba, pelo Portugália e Amazonas ou Pólo Norte, pela ilha e passeando-me com o Albano, ou comendo churrascos no Floresta, com o Alberto. Ir para o Quitexe na tarde de 6ª.-feira, nem pensar. Só no domingo. Mas deu-me a dúvida, quando encontrei malta de Aldeia Viçosa, que ia sair do Grafanil na madrugada de sábado. Rebateu-se-me a consciência e acabei por vir com eles e apresentar-me no Quitexe, nas horas certas da guia de marcha. Safei-me de boa, pois o capitão, em pessoa, esperava-me no gabinete dele».
Óbvio, como o azeite: assim não me apresentasse e desta não escapava ao poder disciplinar do comandante da companhia, com quem, no gabinete dele, tive uma cena algo patética - com ele a não aceitar a minha apresentação, por estar de sapatos (e deveria estar de botas, dizia ele) e depois eu, demasiado irreverente e impetuoso, a repetir a apresentação, porque ele não tinha cinto. Depois, porque tinha um botão desabotoado na camisa. E depois, ele há coisas!, porque não trazia o galão do ombro esquerdo. Possivelmente, na pressa de me vir apanhar infractor, não se uniformizou convenientemente.
Dias depois, o Garcia perguntou-me, primeiro a gargalhar mas, após tal, fazendo cara de caso: «O que é que fizeste ao capitão?». Rimo-nos ambos, com a explicação dada - que passou a lenda na guarnição. Mas alertou-me o Garcia, sempre atento e algo paternal para com os seus mais próximos: «Não abuses!!!...». E riu-se, com o sorriso doce dos amigos cúmplices.
As minhas papeladas (sei lá se não eram as que tenho na mão, na foto) deram-me memória para este caso de há 37 anos. Voa o tempo, mas sobram os registos, destas actas da minha jornada angolana do Uíge.
- ALBERTO. Alberto Fernando Dias Ferreira, 1º. cabo-especialista da Força Aérea, na Base Aérea de Luanda. Licenciado em Economia, foi quadro superior da administração fiscal e candidato a presidente e vereador da Câmara Municipal de Águeda. Já falecido, era de Fermentelos (Águeda).
- OLIVEIRA. António Martins Oliveira, capitão do SGE e comandante da CCS do BCAV. 8423.
- GARCIA. António Manuel Garcia, alferes miliciano de Operações Especiais (Ranger´s). Inspector da Polícia Judiciária, faleceu a 2 de Novembro de 1979.
- MOSTEIAS. Luís João Ramalho Mosteias, furriel miliciano sapador. Quadro de empresa, residente em Vila Nova de Santo André.
Pouco diz a legenda, apostada nas costas do retrato: «Eu e o Mosteias. Ele de cigarro na mão e eu carregado de papelada. Ambos a olhar para o... além». Data: 17.02.1975. Tem 37 aninhos, esta imagem. O tempo passa!
Fui ao baú e lá achei notas. Dia 17, foi uma segunda-feira. E digo eu que «acabei hoje o serviço ontem começado, depois de uns dias em Luanda e esperado na secretaria da CCS pelo capitão Oliveira, prontinho para me aviar uma porrada».
Releio um aerograma de Alberto Ferreira, do dia 18: «Concerteza já estás no Quitexe, visto ter-te procurado no Katekero e já teres saído, na sexta-feira à noite. O que é que se passou?».
Sorri-me, ao reler isto. O que se passara, fora simples e tal recordo com a memória refrescada pela leitura das minhas papeladas. Eu tinha ido a Luanda e teria de me apresentar até ao meio dia do dia 15, um sábado. De lá teria de partir na 6ª.-feira, mas, naturalmente, ampliaria os dias da capital para até domingo. Desenfiado!!! Tinha a conivência do alferes Garcia, mas sabia-me «perseguido» por alguma gente da guarnição.
Releio a papelada da época: «Espraiava-me por Luanda, às voltas pela Mutamba, pelo Portugália e Amazonas ou Pólo Norte, pela ilha e passeando-me com o Albano, ou comendo churrascos no Floresta, com o Alberto. Ir para o Quitexe na tarde de 6ª.-feira, nem pensar. Só no domingo. Mas deu-me a dúvida, quando encontrei malta de Aldeia Viçosa, que ia sair do Grafanil na madrugada de sábado. Rebateu-se-me a consciência e acabei por vir com eles e apresentar-me no Quitexe, nas horas certas da guia de marcha. Safei-me de boa, pois o capitão, em pessoa, esperava-me no gabinete dele».
Óbvio, como o azeite: assim não me apresentasse e desta não escapava ao poder disciplinar do comandante da companhia, com quem, no gabinete dele, tive uma cena algo patética - com ele a não aceitar a minha apresentação, por estar de sapatos (e deveria estar de botas, dizia ele) e depois eu, demasiado irreverente e impetuoso, a repetir a apresentação, porque ele não tinha cinto. Depois, porque tinha um botão desabotoado na camisa. E depois, ele há coisas!, porque não trazia o galão do ombro esquerdo. Possivelmente, na pressa de me vir apanhar infractor, não se uniformizou convenientemente.
Dias depois, o Garcia perguntou-me, primeiro a gargalhar mas, após tal, fazendo cara de caso: «O que é que fizeste ao capitão?». Rimo-nos ambos, com a explicação dada - que passou a lenda na guarnição. Mas alertou-me o Garcia, sempre atento e algo paternal para com os seus mais próximos: «Não abuses!!!...». E riu-se, com o sorriso doce dos amigos cúmplices.
As minhas papeladas (sei lá se não eram as que tenho na mão, na foto) deram-me memória para este caso de há 37 anos. Voa o tempo, mas sobram os registos, destas actas da minha jornada angolana do Uíge.
- ALBERTO. Alberto Fernando Dias Ferreira, 1º. cabo-especialista da Força Aérea, na Base Aérea de Luanda. Licenciado em Economia, foi quadro superior da administração fiscal e candidato a presidente e vereador da Câmara Municipal de Águeda. Já falecido, era de Fermentelos (Águeda).
- OLIVEIRA. António Martins Oliveira, capitão do SGE e comandante da CCS do BCAV. 8423.
- GARCIA. António Manuel Garcia, alferes miliciano de Operações Especiais (Ranger´s). Inspector da Polícia Judiciária, faleceu a 2 de Novembro de 1979.
- MOSTEIAS. Luís João Ramalho Mosteias, furriel miliciano sapador. Quadro de empresa, residente em Vila Nova de Santo André.
1 comentário:
Olha o apontador
sempre a dar no papel!!
ManPinto
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