Administração do Quitexe (2012), edifício colonial restaurado, mantendo a traça exterior
Uma noite mais folgada, e com a vigilância mais relaxada, deu para os nossos homens se enfiarem em sono colectivo. Três homens de reforço e três homens a dormir.
Eram para aí umas duas horas da manhã, já há muito a vila se punha em vale de lençóis e tinham fechado os bares civis, quando - eu, o Hipólito e Marcos - galgávamos a distância do Posto 5 para o da administração civil, apeados e em plena rua principal, quando, junto ao bar do Rocha, achámos vários homens deitados pelo chão, carregados de álcool. Passasse uma viatura mais pesada, um camião!!!, e seriam esmagados. Mal nos vimos para os arrastar dali, para a frente da administração, onde os entregámos. E seguimos.
O caminho para o posto de sentinela era curto, dali, e, regulamentarmente convencionada, a nossa aproximação deveria ser despistada pelos homens da vigia. Mas, nada disso. Fomos-nos aproximando, aproximando..., com o cacimbo a cair-nos no quico e já com bala na câmara. E nada, nem um breve sussurro da noite, muito menos um sinal do posto de sentinela !
«Ó furriel, isto estranho!...», disse o Hipólito!
«Isto há m...», considerou o Marco.
Ambos de arma em riste.
O luar da noite angolana fazia sombras à nossa frente e começámos a ganhar medo. O que seria e o que não seria?! Teria este estranho silêncio alguma coisa a ver com os homens deitados na estrada, seria uma armadilha, os nossos homens teriam sido apanhados? A progressão foi tensa e já estávamos molhados de suor quando, a medo e rodada a chave em silêncio, entrámos no posto. E subimos! Os nossos três homens dormiam a sono alto e com as G3 amarradas ao cinturão.
Safou-os o alferes Garcia que, de oficial dia, fez as coisas de tal modo que não houve participação.
- HIPÓLITO. Augusto de Sousa Hipólito, 1º. cabo de reconhecimento de infantaria (atirador). Reside em França.
- MARCOS. João Manuel Lopes Marcos, soldado atirador de cavalaria, residente no Pêgo (Abrantes).
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