A escola de recrutas do BCAV. 8423 terminou a 22 de Fevereiro de 1974 e a rapaziada, já mobilizada para Angola, entrou de férias. Voltei a Águeda e à minha aldeia, fazendo tempo para a segunda fase de instrução.
A política, ao tempo e como hoje, pouco me interessava e a minha atracção pela leitura foi essencialmente justificada na admiração pelo desafio que o general, então Vice-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (era Costa Gomes o Chefe) lançava ao governo de Marcelo Caetano.O que fazia o livro tão polémico (e disputado nas livrarias) era o repto que o general lançava ao regime - que até autorizou a publicação. E por, com desassombro que me surpreendia, afirmar que as guerras coloniais não tinham solução militar. Ele que era o Vice-Chefe do Estado Maior das FA e ex-governador da Guiné. Isto é, um dos falcões maiores do tempo. E também por afirmar que era necessário que o país debatesse o problema da guerra colonial, que se arrastava desde 1961 e em três frentes: Angola, Moçambique e Guiné.O livro foi lido nos dias de férias e levado para Santa Margarida, por onde foi emprestado a amigos - o que justificou um alerta da hierarquia, quando disso soube. Um alerta para ter cuidado com a sua exibição.
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