Miguel (páraquedista), Viegas /travestido) e Neto (em baixo).
O mês de Outubro de 1974, que era para ser tranquilo da silva, afinal encheu-se de peripécias. E nem sempre as melhores. Desde logo porque a tal ideia do cessar fogo, afinal redundava em constantes «macas», nomeadamente nas fazendas - onde os bailundos, contratados no sul de Angola para os enormes cafezais da zona, eram ameaçados: ou abandonavam as fazendas, ou eram mortos. E não eram ameaçados por nós!
O objectivo parecia claro: agir coercivamente e destruir a economia regional, criar instabilidade, provocar o êxodo dos fazendeiros ou, na sua ausência, a do pessoal dirigente. Os brancos começaram realmente a abandoná-las, não fosse o diabo tecê-las..., não se cuidava já das tarefas agrícolas e a produção de café estava em risco.
Por isso, ou porque alguns nativos se aproveitam dessa instabilidade para ajustar contas de alguns abusos; ou porque o chamado IN estava infiltrados nas aldeias (como toda a gente sabia...) e instabilizava a situação, a verdade é que se multiplicavam pequenos conflitos e éramos repetidamente chamados a intervir nas fazendas e roças. Até nas aldeias... Numa dessa saídas, lamentavelmente, tivemos de deter o encarregado de uma fazenda - que, provadamente, roubava os trabalhadores na distribuição da alimentação. Gerou-se escaramuça tal, que ele pediu auxílio à administração civil e calhou-nos na rifa ir lá. Não foi fácil controlar o turbilhão de gente amotinada no eirado do café.
Outubro de 1974 foi o mês em que, travestido, fui ao cinema do Quitexe ver o filme «Eusébio» e um companheiro de armas, sem desconfiar que era eu, começou a medrar de entusiasmo e, começando pelo joelho esquerdo, me quis sentir o cheiro das carnes mais púdicas. Tive de «fugir« para o quarto - onde me procurou, danado da vida, o bom do tenente Mora, que me vira a correr para lá e supondo que lá entrara uma mulher. Tive de ter tempo de tirar a roupa, foram uns segundinhos..., vestir uns calções e abrir a porta. O tenente Mora,e em passo rápido, encontrou, vasculhou mas não encontrou mulher nenhuma, como é óbvio, nem dentro dos armários nem debaixo das camas. «Como é que ela saiu, se a janela está com a rede mosquiteira?», interrogava-me ele, espantado, irritado, quase colérico.
Outubro de 1974 foi o mês em que, travestido, fui ao cinema do Quitexe ver o filme «Eusébio» e um companheiro de armas, sem desconfiar que era eu, começou a medrar de entusiasmo e, começando pelo joelho esquerdo, me quis sentir o cheiro das carnes mais púdicas. Tive de «fugir« para o quarto - onde me procurou, danado da vida, o bom do tenente Mora, que me vira a correr para lá e supondo que lá entrara uma mulher. Tive de ter tempo de tirar a roupa, foram uns segundinhos..., vestir uns calções e abrir a porta. O tenente Mora,e em passo rápido, encontrou, vasculhou mas não encontrou mulher nenhuma, como é óbvio, nem dentro dos armários nem debaixo das camas. «Como é que ela saiu, se a janela está com a rede mosquiteira?», interrogava-me ele, espantado, irritado, quase colérico.
Que não, dizia eu, «o meu tenente enganou-se, não entrou aqui nenhuma mulher». Nunca ele soube, que eu saiba, o que realmente se passou.
5 comentários:
Muito criativo, este Viegas... e com boa perna, olhem-me só pró estilo...
Conheço o Neto, quem é o outro,o do lado esquerdo?
O verdadeiro artista, o travesti do quitexe..., eh, eh, eh, eh...
Qual dos dois é o Viegas verdadeiro, o de cima no cafezal ou o de baixo disfarçado de gajja...
Ó Viegas, és mesmo tu aquela tipa que o neto está a apalpar, não imaginava uma cena dessas. Não me lembro é do furriel Miguel, era do batalhão do Quitexe?, não me lembro
Gostosona...Ai, pá, é gajjo...
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