sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O companheirismo sempre vivo dos militares do BCAV. 8423

Cavaleiros do Norte em confraternização quitexana, em um dia de 1974. Todos furriéis.
Em cima, da esquerda para a direita, Bento, Rocha, Viegas, Flora, Lopes (enfermeiro, Capitão
e Ribeiro. Em baixo: Carvalho, Belo, Lopes (atirador) e Reina.
A vila do Quitexe era a sede do BCAV. 8423 e onde estava a CCS, que todos os meses, em regime de rotação, era reforçada com pelotões das três companhias operacionais. A razão era militarmente estratégica, mas funcionava como mobilização de afectos, entre soldados, entre furriéis e entre oficiais milicianos.
O batalhão estava distribuído por várias sub-unidades e estar no Quitexe era, de alguma forma, um «prémio» para aqueles nossos companheiros, algo enciumentados, diria eu, pelos nossos «privilégios». Coisa que nós, quitexanos residentes, sempre contestámos.
O Grenha Lopes era dos mais «barulhentos», por essa razão! Muitas discussões se pegaram no bar e messe de sargentos, esbatendo-se argumentos e semeando-se e cultivando-se alguns arrufos, que sempre se amortalhavam nuns copos bem bebidos, em piadas mais ou menos brejeiras, em estórias mais ou menos recamblescas, endeusando-se feitos militares (cada companhia era melhor!...) e substantivando-se lendas que a nossa juventude bem irreverente, irreverentemente cultivava!
O dever de ofício levou-me dezenas de vezes (com o PELREC, claro..) a todas as três companhias e lá era recebido com as infindáveis comparações. «Tás a ver, como estamos aqui?!...». Eu via... e lá matávamos as «diferenças» com mais umas Cucas, umas Nocais, umas N´Golas e, bem mais relevante, abraços de forte solidariedade. Esse companheirismo multiplicou-se em Carmona e continuou até hoje! Sempre que o telefone toca! Sempre que recuamos 34 anos nas nossas vidas!
- CCS do BCAV. 8423. Furriéis Bento, Rocha Viegas e Lopes.
- 3ª. CCAV. do BCAV. 8423. Ribeiro, Flora, Grenha Lopes, Capitão, Belo, Reina e Carvalho.

3 comentários:

QUITEXANO disse...

E ainda há quem diga mal da tropa, foram dos melhores tempos da minha vida... e tenho até saudades daquela malta e daquelas tainadas.

Tomas disse...

Haverá alguem que conteste este grupo de furrieis? Penso muitas vezes que até foram eles mesmo que "aguentaram" muitos problemas e souberam dar a volta perante os ditos senhores que viviam da guerra. Todos nós sabemos o que foi carregado nos barcos em Luanda, dos "ditos"

QUITEXANO disse...

Os furriéis eram nossos irmãos, no geral eram bons tipos...