Soldados sapadores de infantaria da CCS do BCAB 8423, em Carmona (1975)
BATALHÃO DE CAVALARIA 8423. Os Cavaleiros do Norte!!! Um espaço para informalmente falar de pessoas e estórias de um tempo em que se fez história. Aqui contando, de forma avulsa, algumas histórias de grupo de militares que foi a Angola fazer Abril e semear solidariedade e companheirismo! A partir do Quitexe, por Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange e Songo! E outras terras do Uíge angolano, pátria de que todos ficámos apaixonados!
Soldados sapadores de infantaria da CCS do BCAB 8423, em Carmona (1975)
Xitaca nas traseiras das instalações militares do Quitexe, vista da capela


O PELREC, comandado pelo alferes Garcia - primeiro da direita, de pé. Clicar na foto, para a ampliar



Há amores de uma vida! Já aqui falámos das juras do Alfredo Coelho, o Buraquinho, para «assaltar» a alma e o corpo da jovem que enternecidamente ele olha, na foto. Assim como ela o fixa, feliz e cheia de esperanças e ardores no coração!
Modelo de aerograma usado na correspondência dos militares
A 1 de Junho de 1996, as quatro companhias do Batalhão de Cavalaria 8423 confraternizaram no Barracão (Leiria), reunindo-se cerca de 400 pessoas - entre antigos militares e famílias. Foi a última vez que nos achámos de saudades com o cabo Vicente e o soldado Leal, ambos do PELREC - entretanto falecidos.
Desse dia recordo também o feito notável (e provavelmente irrepetível...) de um companheiro que, para lá estar, fez mais de 400 quilómetros de motorizada. Sozinho! «Tinha de estar, tinha de estar...», dizia e repetia ele, com os olhos a rir de alegria. Ainda hoje acho isso verdadeiramente extradordinário!
A CCS, entretanto, voltou a reunir a 27 de Setembro de 1997, num encontro organizado pelo (furriel) Monteiro. Ver AQUI. Volta a reunir a 12 de Setembro de 2009, na Estalagem da Pateira, em Fermentelos (Águeda).

Não há volta a dar-lhe: os furriéis de Operações Especiais (Ranger´s) armavam-se na cintura, descontraíam emoções e corriam picadas e asfaltos do Uíge, fosse para onde fosse, escoltados e escoltando-se no sempre corajoso PELREC, a ordems e/ou comando do alferes Garcia. Lá iam eles, para Carmona, Negage, Aldeia Viçosa e Vista Alegre (comodamente, no alcatrão), Zalala, Liberato, Luíza Maria (e outras, tantas outras fazendas), Santa Isabel, Baixa do Mungage, Serra do Vambe, Pedra Verde, fosse por onde fosse. Cliquem na foto, para verem melhor as carinhas deles! E o que dizem e pensa(ra)m em terras do Quitexe!

Amores houve que o Quitexe ampliou, embora com as saudades cozinhadas nas distâncias que os bem medidos 8 000 quilómetros separaram em 1974 e 1975. Os casamentos do Monteiro (e da Nani, ou Fernanda Queirós) e do Neto (e da Ni, ou Eunice Santos) são disso um bom exemplo! Aí estão elas, coxixando afectos e evocando os tempos em que eram mais sonhadoras! A maturidade deu-lhes certezas!

O Quitexe em 1961 (foto de João Garcia)Anteontem, à conversa de café, fiquei a saber que outro conterrâneo ribeirense passou por terras do Quitexe - Quitexe, Zalala, Zala, Quipedro, Santa Isabel, Aldeia Viçosa, Dange, Nambuangongo, Liberato, Santa Eulália, entre outras terras-mártires do norte de Angola, nos anos 61 e 62 do século passado: José Oliveira Martinho, agora aposentado da PSP.
Narrar aqui os dramas dos grupos de militares que, a esse tempo, enfrentaram as dificuldades do chamado terrorismo, é como chamar paraíso ao período que por lá passámos. Direi que andaram nove meses sem se deitarem numa cama, sequer num colchão. Que desbravaram picadas e construíram pontes, invadiram «aquartelamentos», limparam suor feito de sangue dos rebentamentos de bombas e minas, do deflagrar de granadas, do efeito mortífero de rajadas..., que sei eu?!
Natural de Tarouca, apaixonou-se por Angola, por lá ficou, entrou na PSPA, casou com a Maria Emília (ela, daqui...) e regressou em 1975, progrediu na carreira e chegou a dirigir a Secção de Justiça da PSP de Aveiro, durante 11 anos. É secretário da Assembleia de Freguesia de Ois da Ribeira e perguntar por ele, por aqui, é perguntar pelo homem dos pombos! É columbófilo «doentio».
- PSPA: Polícia de Segurança Pública de Angola.
O grupo de furriéis da CCS do BCAV 8423 era bastante heterogéneo. «Havia de tudo...», como se diz. O Cruz, era o mais velho - já então com a «farta» idade de 22 para 23 anos (nasceu em 1951). Quitexe era o nosso pequeno-grande mundo, o centro das nossas vidas, num tempo em que, em Portugal (continental) se incendiavam paixões e exageros revolucionários. Chegáva-nos o Expresso e o Jornal de Notícias dos fins de semana e cada edição era uma surpresa. E nem sempre a melhor!
Por lá, entre patrulhas, escoltas e operações militares, lá íamos nós pendurando o nosso tempo no calendário. Houve notícia do levantamento de uma mina anti-carro, numa picada para os lados do rio Calambinga e da realização de contactos directos com o IN, nos lados de Vista Alegre. Havia, por esse tempo, a convicção de que as actividades de guerilha iriam acabar, depois da proclamação do Presidente António Spínola - sobre o direito à auto-determinação e independência dos territórios ultramarinos - mas a verdade é que, nunca fiando, o melhor era aprudentarmos as nossas actividades. E assim foi feito, com redobrados cuidados.
A 22 de Agosto conheci a fazenda do Liberato - onde estava CCAC 209, principalmente formada por angolanos, com furriéis e oficiais milicianos idos de Lisboa. O PELREC escoltava o comando de batalhão, para reuniões com os responsáveis locais e depois de passarmos por Vista Alegre.
Soube mais tarde, já em Portugal, que estava lá o Zé Marques, do Caramulo, meu companheiro de escola em Águeda. Que não vi! Lá, ele era o furriel Oliveira, amanuense, e por uma qualquer razão não me cruzei com ele nos pares de horas que por lá estive. E mesmo perguntando eu se por lá estava alguém de Águeda, a verdade é que ele (ou outros) responderia sempre que era do Caramulo. Perdi o gosto de o abraçar!! Ainda hoje, na Caixa Geral de Depósitos (onde ele trabalha) falámos do Liberato e do regresso dele a Portugal - chegando a casa na véspera de Natal de 1974.